sábado, dezembro 16, 2006

orfeu

1. não quero ser-te comum pela ordem. é na desordem sábia e vil que comunicamos.
2. quebrei a corda prima da lira buscando o som que adivinho mas nunca ouvi.
3. canto para mim. e transformar a atonia em sinfonia.
4. não há canto sem voz. a voz tem corpo. o corpo sofre. o canto que encanta.
5. gostava de te cantar o que queres ouvir...
6. e que esse cântico fosse de júbilo ou tristeza a teu bem-querer.
7. ninguém tem o cântico do leitor.
8. ninguém canta para ti leitor. canto por ti para mim.
9. busco um sinal que pressinto e ignoro em todas as palavras...
10. rolo-as na continuada exaustão da esperança.
11. talvez um dia me falem sem que mas digam.
12. o meu canto não é o teu canto. como encantar-te pois?
epílogo:
13. o meu canto é a minha desordem. que sabes tu da minha desordem?