perdigão perdeu a pena / não há mal que lhe não venha
Perdigão, que o pensamento
subiu em alto lugar,
perde a pena do voar, ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
asas, com que se sustenha:
não há mal que lhe não venha.
Quis voar a ua alta torre
mas achou-se desasado;
e, vendo-se depenado,
de puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
lança no fogo mais lenha:
não há mal que lhe não venha.
Cantiga, de L. de Camões
Foto pn, Castelo de Trancoso.
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