domingo, março 18, 2007

relâmpago, nº 19, 10/2006, Revista de Poesia


Está nas bancas o nº 19 da Revista de Poesia "relâmpago", edição da Fundação Luís Miguel Nava, cujo presidente honorário é seu pai, António Nava.

Este número, consagrado à Poesia e Música, tem como colaboradores Manuel Alegre, Manuel Gusmão, Rui Vieira Nery, Fernando Pinto do Amaral, Gastão Cruz, Vasco Graça Moura, entre outros.


O Luís Miguel de Oliveira Perry Nava, foi meu amigo e condiscípulo, colega de turma e de carteira no Liceu Nacional de Viseu, onde ambos fizemos o 7º ano.
Ele com média final de 19. Eu com dezassete valores, tendo ambos dispensado do Exame de Aptidão à Universidade.
Nasceu em Viseu em 1957 e foi barbaramente assassinado no seu apartamento em Bruxelas (onde era tradutor na CEE), em 1995.
Sua mãe foi professora de Francês, no Liceu, a Dra. Ausenda Oliveira, muito cedo falecida.

Seu pai, bancário, publicou em 1961, sob o pseudónimo de Miguel Pilar, o livro "Vento do Céu...Vento da Terra", do qual possuo um raro exemplar com dedicatória manuscrita pelo Luís.
A título de curiosidade, esta obra tem desenhos do pintor viseense A. Batalha (matriz da imagem que para sempre nele permaneceria), e abre com a seguinte dedicatória:
"A meu filho, o meu melhor poema".
Em 1974, o Nava publica o seu primeiro livro "O Perdão da Puberdade", prefaciado pelo Doutor Aníbal Pinto de Castro (mais tarde, meu estimado professor de Literatura Barroca, na FLUC).
O livro é ilustrado com desenhos do José Guilherme Sobral de Carvalho (a matriz sempre presente), nosso colega e amigo, hoje juíz reformado.
Abre com a dedicatória à mãe:
"À tua memória, Mãe, que ainda ouviste "Crise" e pouco depois subitamente me deixaste. Se ainda usufruísse da tua companhia, a esta hora não saberia a quem dedicar os poemas que -- agora vejo -- são teus, meu amor, pois a autocrítica também partiu contigo."
Extraio um texto, quase ao acaso:
COMPLEXO AMOR
Complexo amor. Por um irmão, pela mãe,
Pelo pai ou por alguém do mesmo sexo.
A natureza o fez. Ela o condena.
Muito mais digno de pena,
Muito mais sem nenhum nexo
É não amar ninguém.