terça-feira, abril 17, 2007

Epístola de Paulo às Suas Ternas Meninas

Queridissíssimas Meninas, Joviais Donzelas, Senhoritas do Mais-Fino-Recorte, Damas de Alto Coturno, Miúdas de Elevadíssima Extracção, Virgínias Balzaquianas
& etc. & tal:
aqui pranto, contrito, necessária explicação de imprevista ausência das funções de Vosso fidel secretário, muito a pessoal contra-gosto de minhas sinceras vontades, gostos e ademais desejos...
eu não falho (sabeis de minha humildade...) mas as máquinas...!
ah, as máquinas!
tem este labrusco serrano meia-meia dúzia de computadores em su tocaia, para e assaz de repente, a todos dar o inconveniente e badagaioso treco.
presciente da impossibilidade de conviver com Vossa vital ausência,
asinho rumei à senhora dona bruxa das Cadimas saber da causa, tendo-me ela, logo ali, redondo, vaticinado efeito de funestos, fortes e sulfúreos humores exalados de boca ruim, coração com ressaibo e malefactum d'olhos de besteiro ou lince com mal d'orgalho...
depois de doze defumações, um quarteirão de novenas a são Gregório, dezoito contritas penitências, sete infusões de chá de raspa de chifre esquerdo de cabra alfeira,três centenas de figas canhotas e uma suavíssima flagelação (tailandesa), percebi, de minha incipiente inépcia, iluminado, que era um mero cabo da net, desligado...
ah, os cabos d'hoje, comparados com os da Roca, Espichel, Sagres, Mondego...!
que rejubilação me tomou, que novo ânimo me alentou, que luxuriosa seiva me seivou...
e aqui estou... como sempre asingelado... pronto para o que der e vier... de minha cinzenta sinecura vos acenando elanguescentes, imaculados e maviosos adeuses, d'apertada mor saudade & mui ampla consideração
este que muito a todas quer,
pn, de cruz s'assina.