domingo, novembro 04, 2007

(...)

Presa gentil, cercada pelas feras,
Repoisa entre os convivas, os chacais,
Sobre o leito das mórbidas quimeras...
Nada-lhe o corpo em fluidos sensuais,
Na indolência nervosa das panteras
Entre os fulvos, altíssimos juncais.

(...)

Depois, ao vê-la assim dormir tranquila,
Soltas as tranças no marmóreo peito,
Disse-lhe: "Dorme, coração de argila,
Alvo sonho de amor, sonho desfeito!"
E ela entreabrindo a lânguida pupila,
Com gesto irónico apontou-lhe o leito...


G. Junqueiro