quinta-feira, março 06, 2008

G. Suggia


Dentro dela a gema cresce, horrenda matriz das jóias todas que rejeitou, no terror de que a sujeitassem, numa auréola a enlouquecessem. E aqui se encolhe, contemplando as que admitiu, lapidados de múltipla transparência, que treinam os olhos para a apoteose da morte. Nos jazigos ingressa onde dormem, sinistras de azul e de verde, nelas espreitando o corrimento das águas primordiais. E ora em furnas se incrustram, ora esmaecem de letargias, informes no processo de que vão resultar. Aí é que se defende da corrosão, ancestral tição que jamais se apaga, as perspectivas separando de que outras se constituem, turquesas, esmeraldas. Num bastão de tortura as engasta, que em sua angústia empunha, consentindo que nas lajes se despenhe, enfim, em carbúnculos esmagados. E as entranhas lhe rasgam de suas arestas, pois nelas reside, por agora, na dança em que tudo o seu núcleo tende.
Mário Cláudio, Guilhermina, INCM, 1986.