domingo, setembro 28, 2008


Vem conduzir as naus, as caravelas,
Outra vez, pela noite, na ardentia,
Avivada das quilhas. Dir-se-ia
Irmos arando em um montão de estrelas.


Outra vez vamos! Côncavas as velas,
Cuja brancura, rútila de dia,
O luar dulcifica. Feeria
Do luar não mais deixes de envolvê-las!


Vem guiar-nos, Arcanjo, à nebulosa
Que do além vapora, luminosa,
E à noite lactescendo, onde, quietas,
Fulgem as velhas almas namoradas...

-- Almas tristes, severas, resignadas,
De guerreiros, de santos, de poetas.
(Camilo Pessanha, Clépsidra)