sábado, setembro 05, 2009

Comida de cães; festivais e eleições.

São 07:30. Regresso do meu passeio matinal com os cães. Rotina com quase oito anos. Fresca e agradável, a temperatura. Os 16º exteriores contrastam com o opressivo calor destes últimos dias. É o Outono a instalar-se... Comprar o pão saído do forno. Comê-lo com café caseiro, feito na hora. Uma volúpia.
Ontem, ao jantar, à sobremesa, descobri que o Argos come melão. Ele e eu, aviámos um quase inteiro, fresco e doce. Já descobrira que tanto ele como o Joyce comem uvas, maças, pêras e morangos. Penso, com estranheza (ou não) que, no seu mimetismo, comem tudo que me vêem comer. No que me ganham, pois ainda não provei a ração deles. (O Argos e o Joyce são os meus cães, Labrador e Irish-Setter).
Já a alimentação dos equídeos é completamente diferente. Um animal sem trabalho (não, não quer dizer desempregado!), inactivo, come, por dia, de ração 1, 7 kg X 2; como são ruminantes, à noite, meio fardo de feno ou palha, que fica a fazer cama no estômago. Um mimo que muito agradecem, é uma dose de cenouras, cortadas às rodelas de 3/4 cms., de maçãs maduras cortadas em quatro, ou 2 medidas de cevada previamente deixada a embuchar de véspera, em água. Mas, aquilo de que eles gostam mesmo, é de um prado, com erva fresquinha, de sol, de liberdade para 'jogar às quartas' (espojar-se), umas correrias, upas e cangochas...
Hoje e amanhã = Clássicos, no Caramulo. Não acedi aos convites do CAV e do Museu. Aliás, cada vez mais, acedo menos, aos convites para o que quer que seja. Salvaguardo o próximo fim de semana que nos traz o Festival de Guitarra Clássica de Sernancelhe. A não faltar. E o de 19/20...com o "Voltar a Ler 3" - Colóquio sobre a obra de Aquilino Ribeiro, também em Sernancelhe. Este, absolutamente imperdível...
Um concelho do interior, que a menos de três semanas das eleições, aposta, paulatina e harmonicamente, na concretização de eventos culturais de nível superior: Música Clássica e Literatura Portuguesa. E sabem o que é mais importante? As pessoas aderem, interessadas, enchendo o Auditório, vindas de todo o concelho (e de todo o país), de idades variadas e de estratos culturais diversificados. É este retorno, centrado no interesse manifestado, que gera a energia de prosseguir. Noutras autarquias gastam-se centenas de milhares de euros em "outdoors", "tee-shirts", esferográficas coloridas, isqueiros de todas as cores, bóinas e bonés, calendários, bandeirinhas, etc... aqui, também nisso se gastará algum, 'noblesse oblige', mas, faz-se obra, passa-se do 'palanfrório comicieiro' aos actos, deleitam-se os ouvidos, proporcionam-se perspectivas e sugestões de abordagem literária e melhora-se a qualidade de vida dos habitantes, com bibliotecas, concertos, palestras, piscinas, ginásios e outras infrA- estruturas de saúde, recreio e educação bem visíveis.
E tal, durante todo o ano, não apenas à porta das urnas. Uma diferença basilar que nos recorda, com acuidade, que nas autárquicas, mais do que em partidos políticos (isso é para as legislativas e europeias) é em equipas de homens e mulheres sérios e capazes que votamos. O cidadão interventivo não deve deixar de o fazer, arredando todas as inércias e azedumes. Deve votar, sempre, pois de 4 em 4 anos é-lhe dada a capacidade de escolher. De premiar quem cumpriu e de 'castigar os falheiros-trauliteiros' que nos enganaram. Aquele que fica tolhido pelo atrito, fechado no seu comodismo, é o que desistiu do seu superior dever democrático de eleger governantes, quer do poder local, quer do poder central. E esse, perde a partir do momento em que não vota, todo o direito à crítica e até, à indignação ou júbilo. E passa a ser um cidadão de segunda ou terceira categoria, aquele que de mãos nos bolsos, alheado, assobiando ou trauteando um fadinho dolente, se passeia nas ruas da indiferença, exigindo quotidianamente mais direitos, mas completamente abstraído dos seus deveres.
Bom fim de semana! E comecei eu 'isto' por causa dos 16º exteriores...!