Meu ver Viseu 3
Retorno, sempre, isotopicamente, nas minhas deambulações pela zona histórica de Viseu, à fixação desta imagem. Espécie de desejo 'ontológico'. Ou segundo Barthes, o 'êxtase fotográfico'.
Esta imagem apresenta vários ângulos possíveis, o seu alvo, o referente, é polissémico. Temos a 3ª dimensão de planos bem delineados na sua profundidade; o arco de volta redonda, pórtico do pátio; as cores frias de onde sobressai o verde do cedro; o pátio do cedro/faia-só, a que o vento dá movimento de contínua dança; as janelas do pátio, 'cour carré', que não dão para lado algum, pois estão cerradas com a mais violenta das gelosias (jalousies, de Robe-Grillet?), o mais empedrenido cortinado/persiana: a pedra. É um pátio cheio de janelas que não servem o objectivo das janelas: as dicotomias, ver/ser visto; luz/sombra; interior/exterior. Torna-se assim no Pátio da Incomunicabilidade, onde resiste um cedro ou faia-só, a dar cor e movimento à emanação/explosão de solidão ocre/cinza do terrível e frio espaço. Como um penar absurdo de Sísifo (revisitar Camus?). Ou a Igreja/Exílio? (olhar Breton).
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