domingo, novembro 15, 2009

rainday

Triste o dia. A chuva tira-lhe a graça e dá-lhe um ar lacrimoso. Manhã de ficar nas mantas, se não houver cães-gruas. As ruas estão desertas. A cidade está deserta. O padeiro ouve na telefonia um fado que fala do Tejo e vai-se queixando dos políticos e da fartura. --"Hoje, ninguém tem fome, cabrões corruptos!", arenga num solilóquio fanhoso e incoerente para duas ceiras cheias de pão fumegante. Há dias assim, de se esquecer a fome calada no corpo cálido. De não perceber que um fado nos canta o destino e que vergonha é uma palavra alemã --» hönhen, que não chegou à Lusitânia.