Sebastião Alba
“a nossa morte é um assunto de outros”
Escrevias tu, Alba, pouco antes de morreres.
Mas estavas enganado, homem.
Mataram-te, a 14 de outubro de 2000, deixaram-te numa berma escura da estrada, perto de Braga (que também te viu nascer) e contrariados, quando descobriram o teu corpo atropelado, atiraram-te para a morgue, onde jazeste dias esquecido, até tua irmã te resgatar para te dar, enfim, à terra.
Se ainda te tivessem ignorado num banco de jardim, perto das estrelas, junto a uma fonte…
A tua morte era pois um assunto de ninguém.
Lá tinhas um bolso cheio de papéis.
Os teus fragmentos.
Uma identificação.
Mas os abutres não sabem ler papéis desalinhados escritos a tinta vermelha.
(… Qualquer dia não te safas e és lugar de peregrinação.)
Mesmo palrando como o papagaio do Jorge de Sena, momentos antes de morrer:
“Puta que vos pariu, a todos!”
Poeta. Morto atropelado. & aventureiro.
Reúnes as condições essenciais para inflamares imaginários vis.
Os das homenagens póstumas.
Aqueles que cuspiam para o lado ao entrever-te, mudavam de passeio ao vislumbrar-te, e punham um alvo lenço renova a tapar os dois buracos do ranho, para não te cheirarem o incómodo.
pn, viseu.
Escrevias tu, Alba, pouco antes de morreres.
Mas estavas enganado, homem.
Mataram-te, a 14 de outubro de 2000, deixaram-te numa berma escura da estrada, perto de Braga (que também te viu nascer) e contrariados, quando descobriram o teu corpo atropelado, atiraram-te para a morgue, onde jazeste dias esquecido, até tua irmã te resgatar para te dar, enfim, à terra.
Se ainda te tivessem ignorado num banco de jardim, perto das estrelas, junto a uma fonte…
A tua morte era pois um assunto de ninguém.
Lá tinhas um bolso cheio de papéis.
Os teus fragmentos.
Uma identificação.
Mas os abutres não sabem ler papéis desalinhados escritos a tinta vermelha.
(… Qualquer dia não te safas e és lugar de peregrinação.)
Mesmo palrando como o papagaio do Jorge de Sena, momentos antes de morrer:
“Puta que vos pariu, a todos!”
Poeta. Morto atropelado. & aventureiro.
Reúnes as condições essenciais para inflamares imaginários vis.
Os das homenagens póstumas.
Aqueles que cuspiam para o lado ao entrever-te, mudavam de passeio ao vislumbrar-te, e punham um alvo lenço renova a tapar os dois buracos do ranho, para não te cheirarem o incómodo.
pn, viseu.
<< Home