sexta-feira, fevereiro 09, 2007

dia




dia
de brocado puído e esfiapado pingando o desbotamento
o corpo sumido cinde-se seco e célere do sucesso terra sido
exterior ao desespero não desfita o horizonte a cabeça imóvel
até se tornar quase lua de sombras velhas num crepúsculo alto
ninguém sorri os lábios colados a resina fria dos pinheiros bravos
aguilhões de pasmo tresloucam marmeleiros silvos no ar alheio
brota sangue golfado do odre crido inane pela argila ávida bebido
tudo se desconstrói em torno da prima coluna de granito lívido
a hera entende-o no desenlear célere arfando o viço afora dela
reptantes sumem-se no esconso côncavo da humosa pedra
cadávares e excrementos escorridos do patíbulo reconciliam-se
a turbamulta algazarra-se ainda no vinho orato do festim crido
baquianas lantejoulas pasmam nos úberos secos um fétido tesão
breve brilho alumia a madrugada fendida no grito do pulmão final
roucas cigarras decretam o regabofe da alvorada besta branca a trote
cessa rendida a voz da lura à luz no núcleo oculta ao
dia

fotografia de Elfi e texto de pn