domingo, abril 08, 2007

a Páscoa em Barrelas

Logo pela manhã, ala, direito à Barrelas de um sino, terra do Malhadinhas, de muito granito, vasta carqueja, urze, giesta e tojo adrede, por andurriais desassombrados, a calcar a terra branca, do demo dita, que nunca viu sandália de Cristo. Não havia viv'alma a tolher a vista, nem a paisagem é de modo a encurtar o olhar. O silêncio é espesso, pesado e ao longe, a remate, primícias do planalto da Lapa e o distante casario de Casfreires.
No tanque do quintal, pelo frio entorpecidos, dormitavam inda os peixes.

Impaciente, o forno de cozer o pão e assar o anho.

A mesa posta, para receber a Cruz, o senhor abade e os acólitos.
E depois, na outra mesa,que por pudor não retratei, as vitualhas merecidas para a gente de "boa fé".
(...)
Ah! como invejo os senhores azafamados das grandes urbes...
Ainda um dia perco a cabeça, boto o arreio à égua, e vou, como o Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda, morgado de Agra de Freimas, pia baixo até Lisboa...
E já que lembrei Camillo, vamos ao "Cancioneiro Alegre", e a remate com texto do Conde de Azevedo:
Sem gabar-me direi: tenho comido
E bebido também sofrivelmente;
Em mangas tomo a fresca em tempo quente,
Assento-me ao fogão quando faz frio;
No mundo estou qual paio no fumeiro,
Ninguém lhe faz vénia
Nem lhe pede dinheiro!
(...)