quinta-feira, julho 05, 2007

na senda de Aquilino... (2)

Aquilino Ribeiro, na sua casa, em Soutosa, concelho de Moimenta da Beira, onde hoje está sedeada a infelizmente quase inactiva Fundação com o seu nome.
Todos aqueles livros que na foto (desconheço o autor) o escritor consulta, foram por mim folheados quando fui co-perito nomeado para inventariar o seu espólio.
Ontem, a tarde passou-se na sempre bela e surpreendente cidade do Porto.
A mais bela cidade de Portugal, no meu entender... (neste contexto como compreendo a Agustina, o Eugénio de Andrade, o Mário Cláudio...).
Como é fácil sermos fascinados por aqueles profundos contrastes de convivência arquitectónica intersecular...
Foram horas consagradas aos livros. Num alfarrabista (in-libris), do multifacetado criador e editor, Paulo Gaspar Ferreira, fomos comprar primeiras e segundas edições do Mestre, para a Confraria Aquiliniana.
E depois, como se por feliz acaso, a 1ª edição (ed. de autor) do "Breve Tratado de Não-Versificação" do meu estimado poeta Carlos Queiroz, -- sobrinho da "Ophélia de Pessoa" -- (Lisboa, 1948), sobre o qual temos prelecção publicada in "Centenário de Branquinho da Fonseca, presença e outros percursos", Univ. de Aveiro, 2005 ;
A 1ª ed. de "Povo", do percursor do neo-realismo, o esquecido e de pungente e atribulada vida Afonso Ribeiro, oriundo de vila da Rua, concelho de Sernancelhe, pela Editorial Ibérica, Porto, (este autor também já foi alvo de uma abordagem nossa, publicada na Revista de Literatura, "forma breve 1", ed. da Universidade de Aveiro, 2003);
A 1ª ed. brasileira de "Quando os lobos uivam", de A.R., da Editora Anhambi, São Paulo, 1959 (o livro foi proibido em Portugal, pela censura).
Na badana da contracapa, vêm considerações críticas de António José Saraiva, Óscar Lopes, Vitorino Nemésio, Jaime Cortesão, Cecília Meireles e... inusitadamente, de António Oliveira Salazar, que transcrevemos: " Comece o seu inquérito por Aquilino. É um inimigo do regime. Dir-lhe-á mal de mim, mas não importa: é um grande escritor."
Ao que julgamos saber, esta frase foi proferida pelo então Presidente do Conselho de Ministros, em resposta a uma questão sobre Portugal que lhe havia sido posta por um jornalista francês. Não deixa de ser desconcertante, encontrá-la numa edição estrangeira da obra censurada pelo líder do mesmo regime.
Logo mostrarei alguns rostos de obras.
Bom Dia!