Ar Livre
Nota de Culpa: Dia 12 é amanhã... Peço Desculpa e deixo de JC o mail recém recebido:
"Ar livre, que não respiro!
Ou são pela asfixia?
Miséria de cobardia
Que não arromba a janela
Da sala onde a fantasia
Estiola e fica amarela!
Ar livre, digo-vos eu!
Ou estamos nalgum museu
De manequins de cartão?
Abaixo! E ninguém se importe!
Antes o caos que a morte...
De par em par, pois então?!
Ar livre! Correntes de ar
Por toda a casa empestada!
(Vendavais na terra inteira,
A própria dor arejada,
- E nós nesta borralheira
De estufa calafetada!)
Ar livre! Que ninguém canta
Com a corda na garganta,
Tolhido da inspiração!
Ar livre, como se tem
Fora do ventre da mãe,
Desligado do cordão!
Ar livre, sem restrições!
Ou há pulmões,
Ou não há!
Fechem as outras riquezas,
Mas tenham fartas as mesas
Do ar que a vida nos dá!»
Miguel Torga, Cântico do Homem, Publicações Dom Quixote, 1950.
Abraço, jc
Gostei de ver o Torga no "Brevitas" (mas, não era só amanhã?!).
Agora que a liberdade anda de novo hipotecada e novos senhores se perfilam para cuidar das nossas consciências, o "Poema", o único poema que devemos repetir até à saciedade, difundindo-o por todos os meios ao nosso alcance, enquanto tenebroso for o dono do rincão é – e por certo concordarás – "Ar Livre". Torga sendo otorrino, preocupava-se com os sintomas de claustrofobia. A montante, tudo se joga por aí. Ar livre, por tanto:
"Ar livre, que não respiro!
Ou são pela asfixia?
Miséria de cobardia
Que não arromba a janela
Da sala onde a fantasia
Estiola e fica amarela!
Ar livre, digo-vos eu!
Ou estamos nalgum museu
De manequins de cartão?
Abaixo! E ninguém se importe!
Antes o caos que a morte...
De par em par, pois então?!
Ar livre! Correntes de ar
Por toda a casa empestada!
(Vendavais na terra inteira,
A própria dor arejada,
- E nós nesta borralheira
De estufa calafetada!)
Ar livre! Que ninguém canta
Com a corda na garganta,
Tolhido da inspiração!
Ar livre, como se tem
Fora do ventre da mãe,
Desligado do cordão!
Ar livre, sem restrições!
Ou há pulmões,
Ou não há!
Fechem as outras riquezas,
Mas tenham fartas as mesas
Do ar que a vida nos dá!»
Miguel Torga, Cântico do Homem, Publicações Dom Quixote, 1950.
Abraço, jc
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