quarta-feira, agosto 29, 2007

Contra a obscuridade

O olhar desprende-se, cai de maduro.
não sei que fazer de um olhar
que sobeja na árvore,
que fazer desse ardor

que sobra na boca,
no chão aguarda subir à nascente.
não sei que destino é o da luz,
mas seja qual for

é o mesmo do olhar: há nele
uma poeira fraterna
uma dor retardada, alguma sombra
fremente ainda

de calhandra assustada.

Eugénio de Andrade