atopia
Esboroa-se saibro no caminho onde o xisto rasga pés
O caminho não existe
Peganhento ar já não sustenta passo
Caindo raso ninho do milhafre
Queda lesta num limbo lento vago escuro
Miríades de pó cegando e rasgando a carne solta
Pela boca entram metáforas sangrentas e aos ouvidos acodem finados
Talvez sino distante talvez babas de verdete toado bronze
Em tropel imagens passam desfocadas numa iridescência mal topada
Caminho já não é caminho nem destino ocorre ao lugar do ir
Não há lugar…
Não há lugar…
Braços que não sabem voar e tocos quebrados adejam estrénues
Das mãos escorre sangue espesso das areias que tem de sair pulsado sem ecos murmurados
O corpo não alcança no escuro ponto da queda
A queda é um mergulho num poço fundo
Arrefeço e parto como pontas de estalactites
Que da lágrima fazem bico do bico fazem faca da faca fazem corte do corte fazem fenda por onde rarefeito ar assobia nas paredes depurando como flauta soando dolente loa
Ripostando à ira dos dias lacrimoso silvo de látego fustigante engavinhado nas paredes do buraco sem detença
Afinal não há caminho pois não há onde chegar
Viajeiro que perde tino faz da salomónica lei via sacra do devir
Na areia que dá lugar ao ar corre a enterrar seus pés
Fazer do mapa nora onde de olhos vendados animal cadente e crente rompe atrito empurra inércia e marcha lento na perpétua ara rogando vida à água
Absurdo e cego passeio cumprido em concêntricos círculos
Enterrando cascos no buraco da areia mole de cada volta mais fundo
Tirando dor da progressão até que ceda
Caído no ar tomado pela terra farinhenta
Perca alento do passo tolhido pela parede cheia da ampulheta inerte
Enfim encontre na terra-leito frescor do linho tardio
Almofada acolhedora do cansaço de pender caído sonho
E mais terra se escoa fina da ampulheta cínica
Os olhos cega assim rendidos a pele de poros tapados
Nem dedo soergue peso do manto nem oprime ou suprime lento ânimo do gesto
No ar dos pulmões vazios a areia entra seca sibilante silvado o ai
O corpo…
Húmus fétido transmutado onde já nada existe
No lugar do nada não há dor
Só répteis negros ávidos do enfim tomado
Viajeiro que perde tino faz da salomónica lei via sacra do devir
Na areia que dá lugar ao ar corre a enterrar seus pés
Fazer do mapa nora onde de olhos vendados animal cadente e crente rompe atrito empurra inércia e marcha lento na perpétua ara rogando vida à água
Absurdo e cego passeio cumprido em concêntricos círculos
Enterrando cascos no buraco da areia mole de cada volta mais fundo
Tirando dor da progressão até que ceda
Caído no ar tomado pela terra farinhenta
Perca alento do passo tolhido pela parede cheia da ampulheta inerte
Enfim encontre na terra-leito frescor do linho tardio
Almofada acolhedora do cansaço de pender caído sonho
E mais terra se escoa fina da ampulheta cínica
Os olhos cega assim rendidos a pele de poros tapados
Nem dedo soergue peso do manto nem oprime ou suprime lento ânimo do gesto
No ar dos pulmões vazios a areia entra seca sibilante silvado o ai
O corpo…
Húmus fétido transmutado onde já nada existe
No lugar do nada não há dor
Só répteis negros ávidos do enfim tomado
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