sexta-feira, janeiro 25, 2008

M. G. Llansol, Contos do Mal Errante, Assírio & Alvim, 2004 *


Com uma força que não finda levantou os braços, e magoou os punhos de encontro ao espaço da parede, que tomara por absoluto. Deu-lhe o nome que ele tinha -- Hadewijch, a homicida --, e pressentiu que as letras que anunciavam o vazio se preparavam para morrer verdadeiramente; a forma por que uma letra morre é dissociando-se de uma palavra, que já não se lê, nem imagina; uma vez dividida, apaga-se;
mas Isabôl viu então um ponto que era o sinal de que o seu guardador velava por ela,
e saindo pela porta prosseguiu a reconstituição das letras de poente através de Münster.



* com posfácio de Manuel Gusmão e imagens de Ilda David.