domingo, setembro 28, 2008

de Soutosa a Tabuaço, uma rota Aquiliniana

Cemitério de Soutosa
Torre sineira do Convento de S. Francisco de Caria
Frontispício da obra O Crime de Serrazes
Entrada da igreja de S. Pedro das Águias, Granjinha, Tabuaço.

Destinei a tarde de domingo para aparar dúvidas e me confrontar com realidades e ficções da narrativa aquiliniana.
Assim, em A Via Sinuosa, (1918) e Lápides Partidas (1945) -- desde 1922 dito no prelo -- continua a senda autobiográfica que se inicia diacronicamente com Cinco Réis de Gente (1948), continua com Uma Luz ao Longe (1948) e termina com Um Escritor Confessa-se (ed. póstuma de 1974, escrito em 1962). Esta anacronia das publicações é assaz interessante, e só por si matéria para estudo....
A Via Sinuosa conta-nos a adolescência do jovem Libório Barradas, que vive no Convento de S. Francisco de Caria com seus pais, aí rendeiros, onde mora também Celidónia Violas, primeiro amor de Libório, com os pais e um irmão, gente sem eira nem beira, alojados por caridade. Entretanto, Libório vai estudar no Liceu de Lamego (Aquilino vai estudar para a mesma cidade, no Colégio Roseira, do Pe. Alfredo), terra onde o seu alter-ego é preso pela 1ª vez numa insurreicção de Republicanos contra o Seminário e o clero lamecenses. É ajudado por intercessão de um grande do Reino, Miguel Baila Taralhão Morrafora Galafura de Malafaia, casado com D. Estephânia, que seduz o jovem Libório. Têm paço no Arcozelo da Torre, o solar de Santa Maria das Águias (leiam o livro...).

Primeiro, o Convento de S. Francisco é hoje uma Escola Profissional e está em ruínas, tendo sido, efectivamente tudo aquilo que AR dele descreve (vide também Valeroso Milagre, 1921). Segundo, no Arcozelo da Torre há o solar dos Correias Alves e a trinta e tal quilómetros, já no concelho de Tabuaço existe o Convento românico de S. Pedro das Águias, onde terá ido, para baralhar, buscar o nome.
Em 1917, na freguesia de Serrazes, concelho de S. Pedro do Sul deu-se o crime que vitimou o fidalgo dr. Augusto Teles Malafaia, publicado em livro a 1921. O delº do procº da República, Adolfo de Sá Cardoso, pode ser filho de gente nada em Vila Nova de Paiva e ainda, a confirmar-se, parente dos Sá Marques que, por sua vez, seriam parentela afastada de Aquilino Gomes Ribeiro. Daí, talvez, a origem deste nome. Eu ainda conheci dois familiares dos Malafaias, o sr. Duarte Veiga e o neto, dr. Luís Novaes Malafaia
Entretanto, passei pelo cemitério de Soutosa, terra onde nascera o pai de AR, Pe. Joaquim Francisco Ribeiro, que também, generosa, o acolheu em sepultura. Nesta, muito mal tratada (atenção Fundação!) -- ainda dei um jeito às "pires" flores de plástico e algumas ervas maninhas -- jazem além daquele, Grete Luisa Martha Julia Tiedemann, com quem Aquilino casou em 28 de Fevereiro de 1913, em Parchinu, Berlim, a mãe de Aquilino, Mariana do Rosário Gomes e o filho do primeiro casamento do escritor Aníbal Aquilino Fitz Tiedemann Ribeiro, nascido em Paris, a 26 de Fevereiro de 1914.
Havia aqui muito que contar, muita ponta a congregar, mas deixo-vos por hoje com as fotografias...