sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Tempos de chuva e de vento e de fome e de gelo. Tempos de míngua, de dor e de apertos, em que o céu, a terra, o mar e os homens - alguns homens - ensandeceram e se uniram em conluios de desmedidos desconcertos. Dissolutos tremedais, estes dias cada vez mais longos, porta-ordens de escassezes de pão, de justiça, do lume da verdade e, quiçá, de afectos. Tempos de ventos sem quadrante, gelados, ululantes, em que as noites, apesar de diminuídas, crescem de vazio por dentro, e desembocam sem mantas nas manhãs frias. Partos abortivos da natureza e dos homens, dissaboridos espaços de desgraça e servidão, estes dias e noites sem candeias nem brasas acesas, mas também sem vivalma que brade bem alto, das profundezas abissais da alma: NÃO!!!.

Tempos de Qualquer Dia, como o é o tempo de todos os dias… em que só os cevados vampiros não têm invernos de apertar o cinto.
Se não, vejamos, ou melhor, ouçamos:

http://www.imeem.com/erecteu/music/r2T3vSwz/jose_afonso_qualquer_dia/

Z.