sábado, março 14, 2009

Ponto (a) final boa noite.

A noite.
E a voz da Callas, a operar Ponchielli.
Passo os olhos cansados por Luiz Pacheco, LLansol e Musil.
Indignados.
Por estarem juntos.
Conjuro e conjecturo.
Não me fixo.
Nem me quêdo.
(E fico fulo quando o computador se me recusa os sinais.)
O som daquela voz já morta desfoca-me.
Ouvir os mortos neste mimar de dores alheias e dramas de faz-de-conta?
Como todas as ficções de todas as vidas, afinal.
Desconsolo?
Ou gozo do desconcerto.
Atraso a cama onde a insónia me assegura atalaia certa.
Como morangos com alarve suavidade.
A polpa-rosa, ou rosada.
Satisfaço aos sentidos.
A audição, a visão, o gosto, o tacto, nestas teclas tão sovadas e o cheiro de mim.
A Casta Diva, da Norma.
Agora.
Um chouto de artes altas num atapetado pinhal.
De caruma que cheira (ainda) à resina.
É um lamento tresvairado que rasga o ar parado.
Os bravôs e as palmas das gravações ao vivo são piores que a tosse seca In mia mano alfin tu sei.
O Luiz faz um m..... à Irene que ele sabe vir de f…. com o Fernando.
“Um fedor e sabor a esporra meus conhecidos.” / “(um broche por tabela ao F., afinal)”.

“este é o jardim que a ausência permite”, acresceria G.

“Törless há muito tempo que se recostara novamente. A respiração quente de Beineberg ficava presa nos casacos e aquecia o canto. E como sempre que se excitava, Beineberg deixava em Törless uma impressão penosa.”
, remata Robert que joga à sueca com Kafka, Joyce e Proust.
No glamoroso quarto deste.
Tudo se confunde ou funde, apenas.
E há uma linha lógica nestas casas de caos.
Nestes casos de caos.
No caos.
...
O ardor de olhar.
Estes olhos têm mais de cem anos.
E estes ouvidos os sons dos mortos.
Estou a fingir que vivo.
E se não fossem os morangos já não tinha certeza de nada.
Vien diletto, è in ciel la luna.
Gorjeios de estorninho.
Gostava de uma donna a gemer assim, tão afinada.
Ponto (a) final boa noite.