Para uma estética do pathos...
... esculpir o padecimento encontra na crucificação o seu mor expoente artístico. É uma isopatia, ou paroxismo do patético. É uma isotopia, mesmo topos, imagem obsidiante da arte sacra.
Recordo aqui a obsessão de José Régio por este tipo de arte (bem patente nas Casas Museu de Portalegre e Vila do Conde, a exigirem visita urgente), nomeadamente com Cristos cruzados, descruzados, peças de escola, Cristos populares, Cristos bacalhaus (aqueles que na parte não vísivel eram chatos, tábua plana), etc.
Durante anos, também, coleccionei estas figuras delicadas ou toscas/rudas, sempre mais ou menos fiel reprodução do sentimento assim esculpido. Um dia, constatei viver quase numa sacristia. Vendi, troquei dezenas de peças e cingi-me a uma dúzia mais dilecta. Em termos psicanalíticos, isto terá que leitura?
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