sexta-feira, junho 19, 2009

flash-back

Sem mais, hoje, neste tempo inútil e aos poucos resgatado do outro tempo, de tudo apartado, imprimiu-se-me, nítido como a mão que escreve a palavra que nasce, teu corpo tisnado...
Escondes o rosto por ser espelho e ondeias as linhas da tentação. As pernas longas, finas, morenas, os pequenos pés, as coxas estreitas e o ventre liso sombreado pela escura penugem que brota da pube farta. Os seios breves e sempre hirtos, o pescoço grácil, a boca, de tão desenhada, rubra, quase irreal de desejada.
Assim prostrada...
Escorro-te a seda clara do lençol no corpo aciganado. E porque sei da tua exaltação, roçago-te suave e premente o fogo inicial, reavivado ao sopro das requebradas horas, as em que o tempo se despede do movimento e tarda em não partir.
É o estremeção que tacteio, o prazer escorrido que sinto, o teu cheiro intenso que aspiro.
E recorro a escorrer-te a seda do lençol no tisne corpo, como se os dia perdessem o veneno do tempo, a sordidez da passagem, e se ancorassem, firmes, em ti que a seda tanto exalta, tal maré na areia, dada ao muito mar por tempo breve.