Finais de 50...
Esta fotografia minha, tirada por meu pai, Álvaro, na nossa Quinta do Ladário, mostra-me em cima de uma coluna miliária, estela funerária... "poeira arqueológica"... que foi removida, provavelmente pelo Cap. Francisco de Almeida Moreira, no seu afã de preservação, e hoje deverá estar no Museu Grão Vasco.
Aquilino, no seu prefácio infra citado, escreve:
Para executar essa missão só um homem, como o falecido Francisco de Almeida Moreira, de alma abnegada, simultaneamente diplomata avisado, que soubesse convencer curas e fregueses de que as colunas miliárias, que se encontram uma vez por outra à borda dos caminhos, estão, não raro, a servir de esteios a latadas, andam a fazer de pedra lagareira nos lagares, e igualmente que as lápides e estelas encostadas aos muros dos adros e tantas vezes inseridas nas vedações das hortas, só valem uma estimativa como relíquias espirituais, que é obrigação estricta acautelar do vandalismo, filho da ignorância, e das depradações que traz de envolta a roda dos tempos. A pessoa providencial surgira por altruísmo puro na sociável terra beiroa, e não leve a mal que diga mais uma vez que essa pessoa foi V. Cristovão Moreira de Figueiredo, emérito professor da Escola Industrial de Viseu.
(infra citada revista Beira Alta, 1952).
Creio, contudo, que esta "estela" só poderá ter sido tirada com a devida autorização de meu avô, Hilário de Almeida Pereira.
Por dois simples motivos:
Era o proprietário do lugar onde ela estava;
Era presidente da câmara do Sátão, da qual o Ladário era freguesia, notário e delegado do procurador da República (estranha acumulação - a edilidade sendo serviço público não remunerado) logo, pessoa esclarecida e com o poder suficiente para não passarem por cima da sua legítima boa vontade...
O que nunca seria preciso, pois, curiosamente, através duma certidão de provimento de meu avô como notário, em Diploma de Função Pública, datado de 24 de Agosto de 1931, é nomeado estagiário do notário de Viseu, Alexandre Lucena e Vale, outra das personalidades determinantes na salvaguarda do património histórico de Viseu, notável erudito e director da revista Beira Alta.
No fundo, há uma circularidade explicativa e clarificadora em todas estas andarilhanças...
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