20 andamentos moderados, ou loa a Stª Bárbara
1.
Estar perdido,
nos teus braços,
é O festim.
2.
Mesmo quando me interpelas,
ouço a razão
da devassa.
3.
É estranho, o perdão.
Devo, pois,
reafrontar-te.
4.
Que vale erguer a mão
para te deter?
Um corpo em queda é pesado.
5.
A fragrância permanece
e dá sentido
à lassidão.
6.
A parede desbotada.
A sala escura.
Teu corpo nu de branco.
7.
Quando mordes as palavras,
o som sai esbeiçado
e o significado sangra.
8.
O tempo, esse,
é um ranger dorido
do carvalho encerado.
9.
Que já se lastima,
só de triste,
por não ser pisado.
10.
Não caio ainda.
Se bem que o alento falte,
agarro-me ao teu olhar.
11.
No meu colo és leve e tudo voa.
Ouço as penas sulcar vento,
num silvo de gratidão.
12.
Que crédito dar a um só soluço?
Sobeja-te em pecado
o que te falta em orgulho.
13.
O arrependimento verga-nos.
O hálito que o embrulha
atordoa o zangão.
14.
Cada vez mais,
o mundo à parte onde me acolho
é estranhíssima ficção.
15.
Colido com o real.
Não tardará que rosne
aos dias e às pessoas.
16.
Sei ser amargo esse sabor,
e que na ignorância há mel de Hipno.
Nada quero saber de ti.
17.
Atordoo-me num sonho resistente.
Se abrir os olhos
a chispa real, ou a cinza, ferir-me-á.
18.
A lava fria
é um medo
sujo do mau sentir.
19.
Ausentou-se a dor,
levou a angústia.
Será a leveza cicatriz?
20.
Sinto já uma enorme saudade
do futuro
que nunca viverei.
Estar perdido,
nos teus braços,
é O festim.
2.
Mesmo quando me interpelas,
ouço a razão
da devassa.
3.
É estranho, o perdão.
Devo, pois,
reafrontar-te.
4.
Que vale erguer a mão
para te deter?
Um corpo em queda é pesado.
5.
A fragrância permanece
e dá sentido
à lassidão.
6.
A parede desbotada.
A sala escura.
Teu corpo nu de branco.
7.
Quando mordes as palavras,
o som sai esbeiçado
e o significado sangra.
8.
O tempo, esse,
é um ranger dorido
do carvalho encerado.
9.
Que já se lastima,
só de triste,
por não ser pisado.
10.
Não caio ainda.
Se bem que o alento falte,
agarro-me ao teu olhar.
11.
No meu colo és leve e tudo voa.
Ouço as penas sulcar vento,
num silvo de gratidão.
12.
Que crédito dar a um só soluço?
Sobeja-te em pecado
o que te falta em orgulho.
13.
O arrependimento verga-nos.
O hálito que o embrulha
atordoa o zangão.
14.
Cada vez mais,
o mundo à parte onde me acolho
é estranhíssima ficção.
15.
Colido com o real.
Não tardará que rosne
aos dias e às pessoas.
16.
Sei ser amargo esse sabor,
e que na ignorância há mel de Hipno.
Nada quero saber de ti.
17.
Atordoo-me num sonho resistente.
Se abrir os olhos
a chispa real, ou a cinza, ferir-me-á.
18.
A lava fria
é um medo
sujo do mau sentir.
19.
Ausentou-se a dor,
levou a angústia.
Será a leveza cicatriz?
20.
Sinto já uma enorme saudade
do futuro
que nunca viverei.
Nota:
É arbitrária a ordem de leitura dos tercetos.
Tanto quanto o é seu sentido.
Imaginem, apenas, que cada um é a síntese de um capítulo longo de uma novela duvidosa.
Mas, obrigadinho na mesma.
(Pelo esforço, claro!).
paulo neto.
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