Os livros...
Ontem fui aos livros.
Deixei de ir à Bertrand. Porque sim... e "perdi" o lugar no Top 5 dos compradores. Ou perderam eles?
Fui à Fnac. Para comprar o romance póstumo do chileno Roberto Bolaño, o recém-lançado, "2666". Hesitação... Marcado pela módica quantia de quase 30 euros. Ao lado, nas prateleiras da literatura em inglês estava o mesmo livro, um grafismo mais interessante, com, decerto os mesmos direitos de autores e tradução mais cara, por meros 15 Euros!? Chamei uma funcionária para me dar uma explicação do facto. Apareceu-me uma senhorita muito indisposta, arrogante e mal-criadamente despachada. Estava em dia benévolo. Por isso, não me irritei, não pedi para falar com a gerência, não requeri o livro de reclamações , nem escrevi uma carta registada para a administração, presciente de que, como estão as coisas em termos de mercado, podia ser o suficiente para a de cujus ter um desgosto. Virei costas e vim embora. Não comprei. Porque é que estas coisas acontecem? Não a má criação, que infelizmente começa a ser regra social e não excepção, que é mais culpa da profusão de directores (itos) que por lá pululam (?), da deficiente gestão dos recursos humanos, dos baixos salários pagos, da falta de profissionalismo e etc. O mal é para eles. Mas como pode uma obra, neste caso "2666", custar metade na ed. inglesa (até já pagou taxas e "post" para chegar cá!)? Ninguém da Quetzal me explica isto? As editoras não vendem e andam, diariamente, a dançar um fox trot irrequieto de mudança de mãos? As gráficas são mais caras? Ou os lucros excessivamente altos? E ainda assim, não ganhariam mais com um preço mais baixo e maior quantidade de vendas? É a elitização do livro e da leitura pelo seu custo de venda...
Fui à Pretexto. Encomendei "2666" com 10% de desconto. Comprei, com alguns meses de atraso o nº 23 da revista "relâmpago", da Fundação Luís Miguel Nava. Temática muito interessante "Poesia e Artes Visuais", com autores portugueses e brasileiros, mais ensaio e crítica, em bom papel Munken Pure de 100 gr, mas com uma capa de refinado mau gosto, em cinza, branco e roxo, mais a lembrar um andor do N. S. dos Passos... O designer anda falho de imaginação?
Comprei o último título do Philip Roth, "Indignação", da D. Quixote. Aspecto gráfico impecável. Quanto ao conteúdo, sei apenas que o escritor dos USA abandonou (por ora) a obsessão da velhice e arranjou como protagonista um jovem de Newark, Marcus Messner, numa intriga que decorre em 1951. Para começar hoje a ler.
Acabei o shoping com uma reedição da obra de Mário Cláudio "A Quinta das Virtudes", também da D. Quixote, com um grafismo e design muito apelativos. É a 4ª edição. A 1ª datando de 1990. Depois da leitura de "Camilo Broca", MC ganhou lugar cativo nos autores portugueses a ler obrigatoriamente. Parece-me (isto é vago de mais) estarmos perante uma intriga de família nortenha "à la Agustina". Outra grande referência na literatura portuguesa actual. E por falar nisso, esta prolixa escritora já há uns meses que não nos brinda com um título novo!? Já vai quase em 100 nos seus oitentas de idade... De Agustina Bessa-Luís compra-se tudo, obrigatoriamente. E lê-se! (Mesmo que a alguns repugne a 'figura e algumas atitudes políticas' da dita. Mas isso é outra conversa! Por essa redutora ordem de ideias, o Vasco da Graça Moura só seria lido pelos ppd's!)
Bom domingo, recatado, no acalento do lar, com muitos livrinhos para ler, que a manhã vestiu-se de lutuosa cinza e adereçou-se com as pingas que molham os tolos...
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