Alice Macedo Campos
Este é o segundo título publicado. O primicial foi "o ciclo menstrual da noite". A editora, chama-se "Incomunidade", a Imagem de Capa, muito bem conseguida é da Luísa Azevedo.
Recebi da Alice, gentilmente, o seu livro no início de abril. Olhei-o muito, sem o ler. Toquei-o sem o abrir, retardando a entrada nele e na leitura, presciente do texto de fruição que encontraria.
A poesia da Alice é um caso excepcionalmente sério dentro de tudo o que tenho lido. E confesso que já li muito. O seu léxico é novo. E isto já seria dizer bastante, porque raro. A sua escrita dura. Cruel, por vezes. Amarga e, pendularmente, de uma doçura extraordinária que faz emergir em nós o fel aos póros e o desejo do afago, de uma carícia, de uma bondade, de um agrado... Até só de um sorriso triste.
Por vezes, um soco que nos agride, talvez para não sair da atalaia e tombar num sono denso. É assim, um despertar para um mundo obsessivo, onde a dor lacera e a memória, impenitente, ecoa, numa fala arrumada, de inúsitos códigos, mas porfiada numa revisitação isotópica de desejos velhos e sonhos novos, atravessados, finissimamente, por lâminas de medo.
E de esperança?
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