sexta-feira, setembro 14, 2007

contraponto


calaste
em novo gesto antigo.
intento de escapar à repetição que agrada
e melhor se apreende?

nada calei. tiraste-me a voz golpeando-me a garganta. golfo sangue onde as palavras se afogam.

não me custa a negação mais que a hesitação.

e o desconcerto da desrazão?

não me levaste por trilhos sinuosos.
porque finges?
fitas?

não finjo fitar-te para te ver de outrora. epigrafada só o musgo do tempo...


se não finges,
dizer-te vital é dizer-te letal,
assim como o cair do dia
é o mesmo que o cair da noite.

e para lá da linha do infinito quantas linhas há até ao infinito?

triste desatenção
no revés da sorte
quando te cri apaziguado

paz e paixão de comum têm poucas letras. e nelas m' inicio


a ara rosa fria do teu crepúsculo
lugar de sacrifício e lar de aconchego
em revérberos cegantes
ali, ao jardim das hespérides?

sim. lá onde as áureas maçãs cintilam na apoteose do canto [in]sussuurrado...