contraponto
calaste
em novo gesto antigo.
intento de escapar à repetição que agrada
e melhor se apreende?
nada calei. tiraste-me a voz golpeando-me a garganta. golfo sangue onde as palavras se afogam.
não me custa a negação mais que a hesitação.
e o desconcerto da desrazão?
não me levaste por trilhos sinuosos.
porque finges?
fitas?
não finjo fitar-te para te ver de outrora. epigrafada só o musgo do tempo...
se não finges,
dizer-te vital é dizer-te letal,
assim como o cair do dia
é o mesmo que o cair da noite.
e para lá da linha do infinito quantas linhas há até ao infinito?
triste desatenção
no revés da sorte
quando te cri apaziguado
paz e paixão de comum têm poucas letras. e nelas m' inicio
a ara rosa fria do teu crepúsculo
lugar de sacrifício e lar de aconchego
em revérberos cegantes
ali, ao jardim das hespérides?
sim. lá onde as áureas maçãs cintilam na apoteose do canto [in]sussuurrado...
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