sábado, fevereiro 07, 2009

Sugestões para meio dia de sábado

Polémica vem do grego polemikos, relativo à guerra, de polemos, guerra. Não é meu intuito pugnar belicosamente, no domínio do discurso argumentativo, claro está, sobre este assunto que segue ou outro qualquer assunto que podia seguir-se. Porquê? Porque não me apetece, e os meus apetites são hoje, cada vez mais, fundamentais para o meu equilíbrio psicossomático, já de per si, padecente de certa escassez.
O homem actual ainda tem alguns direitos. A mulher hodierna, felizmente, tem mais alguns direitos que a da geração anterior, e assim sucessivamente.
Se começarem a achar este texto machista, façam favor de pensar que é um direito que vos assiste. Eu penso que não, e é quanto me basta. Por isso continuo a escrever...
Acordei muito solar e com vontade de um passeio. Porém, pese embora meu quase afecto pela solidão, apeteceu-me passear acompanhado. Como, em geral, acho os homens muito desinteressantes, senão entediantes, mesmo, convidei uma bonita e inteligente mulher para sair comigo. Porque a sorte favorece os oratos (há quem diga audazes), ela anuiu. Escolhi um belo carro (detesto meios de transporte!), com raça, esbelto, veloz, roadster, pelo prazer que me dá de conduzir, defini com a bela mulher um itinerário (aqui falta-me a imaginação e obsessivamente, como o criminoso, volto ao bom lugar do crime), passeámos, almoçámos opiparamente, conversámos muito, ela degustou bons vinhos, fumou, ao fim, um puro, deixou-me pagar o almoço com magnanimidade, descobrimos uma padaria à antiga, no meio da serra, com pães como antigamente, bôlas rescendentes do forno a lenha & etc. Provámos por desfastio, comprámos por absoluta necessidade de levar para casa aqueles bons odores, ouvimos, no carro, de mistura com o ronronar dos seis cilindros, belíssima música de Corelli, Dittersdorf, Geminiani, Telemann, conversámos mais, parámos a apreciar grandes massas de nuvens, prumos com toneladas de água, lá para as bandas da Estrela e regressámos à origem. Ainda parei no caminho para comprar uma caixa de rútilos morangos a um vendedor ambulante, ofereci-os à mulher bela e inteligente e deixei-a, com cortesia, à porta de sua casa, depois de um shake-hands muito agradecido.
Esta é uma das poucas vantagens de ser homem. Porquê? Porque não conheço nenhuma mulher (na minha estreita fímbria de conhecimentos) que faça o mesmo com esta desenvoltura, donaire e desinteressada elegância.
Mas convém termos presente que eu sou o maior dos provincianos, um laparôto pouco atreito a sair da lura. Por isso mesmo, confinado a um limitado conhecimento e quase total ausência de experiência. Decerto que as Senhoras cosmopolitas, urbanas e raffinées ao lerem este meu textículo, sorrirão na sua superior condescendência destas quase cândidas conjectâneas também quase epistolares, e desdenharão de tanta ingenuidade e de tal candura. Pois é, queridas Mesdames, a vida no campo é assim, e acabo com o Ortega y Gasset, para me justificar deste primitivismo quase bárbaro Yo soy yo y mi circunstancia
Um laparôto, mas com assumidos direitos!
... à sobremesa, com ar apaziguadíssimo...
huuum! o meu naco quase tártaro partia-se a dedo... e o arrozinho?
... as mãos que amassam o pão...
... o quase perfil possível...
... os grêlos, a cebola, o alho, o polvo, as batatas, o azeite, em ditosa harmonia, no negro barro...
(a ordem das fotografias é susceptível da mais que passível arbitrariedade)
... o azeite e o pão do forno caseiro...


TENHAM UM BOM FIM DE SEMANA, OUSEM CONVIDAR ALGUÉM E... ESTIMEM-NO (A)!