quinta-feira, abril 09, 2009

Nuvens

O meu escritório, ou melhor, a minha sala de trabalho e lazer, tem duas boas varandas.
Uma a montante outra a jusante. Uma, onde o Sol bate toda a manhã; outra, onde canicula toda a tarde.
Aprecio sobremaneira semideitar-me numa cadeira articulada, durante a manhã.
Com uns auscultadores, ouvir música. Sem eles, a passarada.
Hoje, o Sol está moderadíssimo.
Ainda assim, estes ossos avelhantados, álgidos ficam com a imobilidade do tempo de secretária, e não resistem a seivar-se e aquecer desta ancestral forma.
As nuvens, esparsas, corriam em tropel.
Sopradas em assobio, à compita, por um vento frio da Estrela, voavam convocadas ao litoral.
Levavam água a pedido do mar, decerto...
A observação das nuvens sempre foi de interesse vago.
Goethe foi um dos pioneiros nessa diligência. Seguiram-se-lhe os primeiros estudos sérios na GB.
Hoje, os meteorologistas sabem (quase) tudo sobre elas.
São de diversos tipos. Deixo aqui as principais designações e um apelo:
Desapegai-vos da insistência com que olhais a terra e alteai o olhar aos céus.
Olhai e vêde as nuvens que passam e pensai que, lá assim tão etéreas, muitas delas, no seu lilaz algodão fofo, transportam toneladas de peso em água.
E lá vão, alceiras e metamórficas, nunca iguais muito tempo a si próprias, tão desconformes como o homem que por Vós se cruza nos boulevards, quotidianamente absorto, sisudo e inalterado, mirando cismático a biqueira da bota.
Ainda hoje, o que anda nas nuvens, não é fiável... Um pouco como os poetas... "Não ligues, é poeta!"

Cirrus ; Cirrocumulus ; Cirrostratus ; Altostratus ; Altocumulus ; Stratus ; Stratocumulus ; Nimbostratus ; Cumulus ; Cumulonimbus .

Nota: nuvem vem do lat. cl. nubes e também nua, nuance...
Fica-me uma certeza: Quem ler este textículo, hoje vai andar nas nuvens. Nem que seja por escasso tempo...

(No fundo, a linguagem explica tudo, não é verdade?)