Ainda Aveiro...
Exactamente na direcção inversa à que leva o moliceiro, a 50 metros, fica a sede do CETA, Centro Experimental do Teatro Aveirense, que na época tinha à frente o Artur Fino. Fui aos ensaios e apaixonei-me por uma actrizinha amadora, chamada Maria. Apenas Maria. Eu tinha 16 anos, ela 18.
O Cais dos Botirões ou Mercado do Peixe, é hoje uma zona de bares e restaurantes, como por exemplo o Mercantel e, por cima do próprio Mercado, o restaurante com esse nome, agradável para saborear uma caldeirada de enguias. Nesta zona, há muitos anos, teve o pintor Zé Penicheiro uma Galeria de Arte, O Convés, à frente da qual estava a minha conhecida Isa Carvalho, mais tarde segunda mulher do artista. Aqui, a 5 metros da ria morava a minha tia Rita, a minha prima São e a criada Francelina. A velha tia era tão fanática do Beira Mar, que um dia, perante a crise económica que o clube atravessava, fez uma lista dos emigrados USA, meteu-se no avião e foi, por sua conta e risco, nos anos 60, fazer um peditório para os States. E trouxe um saco cheio de dólares. Grande mulher! Sempre que vou a Aveiro, os meus pés caminham para esta zona, como que puxados por uma invísivel corrente, uma raiz, curiosamente tão aquática quanto terreno me creio... e ainda mais bizarramente, nas Terras Altas, caminham para o Planalto da Lapa, junto à nascente do Vouga. E assim se entretece um lógico mosaico, urdido de topos reais, da nascente até à foz.
A escassos 100 metros fica a Igreja de São Gonçalinho, que festeja o padroeiro a 10 de Janeiro, dia do meu nascimento.
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