Paulo Quintela
Desde o meu 7º ano do Liceu que sou autodidacta, estudante-trabalhador, ou lá como se diz.
Isso determinou nunca ter vivido, nem com intensidade, nem com falta dela, qualquer tipo de vida académica. Formei-me às 5ªs feiras, que era o meu dia livre, na escola secundária de Barrelas, onde leccionava, desde 17 de Janeiro de 1975.
Matriculado em Direito na UC, fechada aos caloiros a Fac, em 1974, acabei por me matricular em Filologia Românica.
Matriculado em Direito na UC, fechada aos caloiros a Fac, em 1974, acabei por me matricular em Filologia Românica.
Para lá das praxes, havia, porém, cenas valiosíssimas que gravei para sempre. Por exemplo...
Existia no bar das Letras uma mesa reservada para o Professor Paulo Quintela. Era a mesa do canto direito, onde às vezes se sentava, também, o professor José Oliveira Barata, meu prof de História do Teatro.
O Professor Quintela, germanista, germanófilo, germanófono… (há uma tendência simplista, ignorante e disparatada em associar este conceito ao nazismo e a Hitler, e já ouvi acusarem Aquilino Ribeiro, de dedo no ar, de germanófilo... bom, mas isto é outra conversa para ocasião adequada), o Professor Quintela, dizia, era brigantino e nasceu em 1905. Faleceu em Coimbra em 1987 e teve a sua vida ligada à Faculdade de Letras onde foi catedrático (depois do 25 de Abril…).
Existia no bar das Letras uma mesa reservada para o Professor Paulo Quintela. Era a mesa do canto direito, onde às vezes se sentava, também, o professor José Oliveira Barata, meu prof de História do Teatro.
O Professor Quintela, germanista, germanófilo, germanófono… (há uma tendência simplista, ignorante e disparatada em associar este conceito ao nazismo e a Hitler, e já ouvi acusarem Aquilino Ribeiro, de dedo no ar, de germanófilo... bom, mas isto é outra conversa para ocasião adequada), o Professor Quintela, dizia, era brigantino e nasceu em 1905. Faleceu em Coimbra em 1987 e teve a sua vida ligada à Faculdade de Letras onde foi catedrático (depois do 25 de Abril…).
Este notável Homem foi o maior tradutor português de língua alemã. De Trakl, a Göethe, Hölderlin, Rilke, Nietzsche, Nelly Sachs, Enzensberger, Bachman… até Brecht, o que existe em lusíada língua de melhor, é da sua lavra.
Chegava por volta das 10:00 no VW (tinha que ser, Volks Wagen, o carro do povo!) cor de laranja com mossas e nicas de norte a sul, de nascente a poente. Estacionava de ouvido, nos últimos anos. E havia profs que só arrumavam os seus carros depois de ele o fazer, por exemplo o Professor Ferrer Correia (Direito) no seu rutilante Jaguar Mark X, cinza rato… e lá subia ao primeiro piso, à sua dilecta mesa, cachimbo na boca, para o cafezinho e tertúlia habitual.
Chegava por volta das 10:00 no VW (tinha que ser, Volks Wagen, o carro do povo!) cor de laranja com mossas e nicas de norte a sul, de nascente a poente. Estacionava de ouvido, nos últimos anos. E havia profs que só arrumavam os seus carros depois de ele o fazer, por exemplo o Professor Ferrer Correia (Direito) no seu rutilante Jaguar Mark X, cinza rato… e lá subia ao primeiro piso, à sua dilecta mesa, cachimbo na boca, para o cafezinho e tertúlia habitual.
Era um lugar de culto, aquela mesa. E quase valia a pena ir de Barrelas a Coimbra, às 5ªs feiras, para ter o subido gosto de o ouvir por uns minutos.
Tenho quase todas as traduções do Professor Paulo Quintela. Faltava-me a dos Poemas, de Bertolt Brecht. Comprei-a hoje, das edições Asa, na Fnac, por 20,8 euros, com os 10% de desconto. São quase 700 páginas de delírio… Começa assim... o Brecht que traduzo e a censura me retalha, 1962...
Tenho quase todas as traduções do Professor Paulo Quintela. Faltava-me a dos Poemas, de Bertolt Brecht. Comprei-a hoje, das edições Asa, na Fnac, por 20,8 euros, com os 10% de desconto. São quase 700 páginas de delírio… Começa assim... o Brecht que traduzo e a censura me retalha, 1962...
Amanhã transcrevo um texto!
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