sábado, julho 18, 2009

anamorfia...

... ou, os vasos não comunicantes
Olhemos a imagem desta pedra...
Wasser em al. é água; do germ. antigo wase terá derivado vaso, ou do lat. vas.
Comunicar é tornar comum, pôr em relação; com o mesmo étimo de comungar, associar-se a, participar; excomungar era pôr fora da comunidade, como no lat. cristão, communio, era uma comunidade de fiéis.
Este granítico vaso deixou de comunicar, tirado de sua função e local primários. Foi excomungado e de tão alterado/invertido, na sua forma/posição, anamorfisou-se.
A maior parte das pessoas auto-excomungam-se; alterando-se radicalmente, anamorfisam-se e tornam-se vasos (o corpo humano é um continente pleno de líquidos) não comunicantes, ou seres solitários.
Por isso, a imagem supra, podia ser substituída por uma imagem da minha pessoa, de pernas para o ar.
E continuaria a ser um vaso não comunicante.
A troca de fluidos entre dois seres humanos, aquele momento de fusão entre Hermes e Afrodite, é uma culminância de comunicação dos vasos...
Quando não há troca de fluidos, posso dizer, "não me vim", e vir é deslocar-se alguém ou alguma coisa em movimento na direcção do outro; chegar a determinado local; acompanhar alguém no seu trajecto; ir para junto de alguém...
Aquele(a) que não se vem afasta-se do outro(a); diverge do destino do outro(a).
Quando se vêm os dois, em simultâneo, atingem o extâse, átomo de tempo em que permanecem extácticos (ausentes de movimento/paralisados) e fundidos um no outro.
Dá-se a osmose, que é palavra de origem grega, com significado de impulso e quer dizer difusão de um solvente através de uma membrana semipermeável que separa duas soluções de concentrações moleculares diferentes; ou influência recíproca/interpenetrtação.
Porém, não deixará de soar estranho dizer a alguém: vamos difundir solventes através da tua membrana semipermeável?
(brincadeiras etimológicas)