Textos Velhos
O mar hoje
Que tem que lhe faltasse ontem?
Os meus olhos de ver diferentes
Que têm hoje que lhes faltasse ontem?
A tua ausência na terra lavrada dos meus passos.
O mar hoje
É cimento
A escorrer babas de betão
De um cinza baço e sujo
Ganidor mais que a ronca nevoenta.
O mar hoje
É a minha ira fria
Os meus olhos que azul ficaram aço
A mão que te afagou
Que punirei numa fogueira.
O mar hoje
É o colosso que rouba a terra
E lhe devolve esferovite a boiar
Paus secos rolhas bóias
Redes velhas peixes mortos.
O mar hoje
És tu
E um farol rouco
Velho e cansado
De uivar lamentos.
O mar hoje
É uma gaivota penada
Uma traineira podre
Um vagabundo nas dunas
Cacos da mensagem que não chegou.
O mar hoje
É um sol vestido de puta
Uma concha quebrada
Um molhe viscoso
A areia peganhenta nos meus pés.
O mar hoje
Sou eu.
Ontem éramos nós
Amanhã ninguém
Depois de amanhã não existe (s).
Que tem que lhe faltasse ontem?
Os meus olhos de ver diferentes
Que têm hoje que lhes faltasse ontem?
A tua ausência na terra lavrada dos meus passos.
O mar hoje
É cimento
A escorrer babas de betão
De um cinza baço e sujo
Ganidor mais que a ronca nevoenta.
O mar hoje
É a minha ira fria
Os meus olhos que azul ficaram aço
A mão que te afagou
Que punirei numa fogueira.
O mar hoje
É o colosso que rouba a terra
E lhe devolve esferovite a boiar
Paus secos rolhas bóias
Redes velhas peixes mortos.
O mar hoje
És tu
E um farol rouco
Velho e cansado
De uivar lamentos.
O mar hoje
É uma gaivota penada
Uma traineira podre
Um vagabundo nas dunas
Cacos da mensagem que não chegou.
O mar hoje
É um sol vestido de puta
Uma concha quebrada
Um molhe viscoso
A areia peganhenta nos meus pés.
O mar hoje
Sou eu.
Ontem éramos nós
Amanhã ninguém
Depois de amanhã não existe (s).
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