O diálogo dos gritos
Há vozes.
Indistintas, inquietas, numa ladaínha de dor, repetindo um grito, longo, ecoado num coro ora distante, ora próximo, sublinhado por uma corda tensa e persistente.
Acorda uma percussão, a língua estranha, e sopra uma vibração metálica, como um vento a empurrar areia fina contra as pálpebras.
Um murmúrio voa num grasnar em círculo.
O violoncelo, de novo, no silêncio, risca um nevoeiro negro que desliza na boca de uma jovem cega, e ergue, em três tons apenas, o cântico do sofrimento.
A chuva rufa na pele esticada.
Volta a voz num marulho grosso e os assobios protestam, vaias finadas nas canas se encorpam e nas folhas se abrigam.
Surge, então, o diálogo dos gritos.
Um carpir, quase harmonia, que da gota encarna rio, do apelo faz súplica e do pingo dobrado sino.
Um silêncio coa-se em nata espessa, parada e densa.
No fim, um trovão.
Indistintas, inquietas, numa ladaínha de dor, repetindo um grito, longo, ecoado num coro ora distante, ora próximo, sublinhado por uma corda tensa e persistente.
Acorda uma percussão, a língua estranha, e sopra uma vibração metálica, como um vento a empurrar areia fina contra as pálpebras.
Um murmúrio voa num grasnar em círculo.
O violoncelo, de novo, no silêncio, risca um nevoeiro negro que desliza na boca de uma jovem cega, e ergue, em três tons apenas, o cântico do sofrimento.
A chuva rufa na pele esticada.
Volta a voz num marulho grosso e os assobios protestam, vaias finadas nas canas se encorpam e nas folhas se abrigam.
Surge, então, o diálogo dos gritos.
Um carpir, quase harmonia, que da gota encarna rio, do apelo faz súplica e do pingo dobrado sino.
Um silêncio coa-se em nata espessa, parada e densa.
No fim, um trovão.
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