segunda-feira, fevereiro 05, 2007

a tarde é uma égua...



há dias que rompem assim. ora uma melodia nos corre nos lábios, e sem querermos, todo o dia a trauteamos, ora é uma palavra que nos martela a alma mater, incessante, sem motivo, nem explicação. hoje foi uma frase. desconheço-lhe o autor. sei que não é minha porque a estranho e não corresponde ao meu léxico, à minha escrita. lembrei-me do meu velho companheiro de carteira de liceu, o luís miguel nava e de uma daquelas frases lapidares do tipo: "O mar, no seu lugar pôr um relâmpago." (in "Películas", Moraes Ed., Lx. 1979) mas corri a obra toda e nada... conformei-me. o nome há-de surgir ( se algum leitor conhecer que mo relembre) e fica a frase, de uma violência cruel, agressiva, seca, como trigo por mondar em terra árida. acanalhada. frase de amante que espera impaciente e vibrante de cio e despeito aquele (a) que tarda ou não vem. estas palavras assim conjugadas são raiva e ira. e dor de corte fundo pele adentro. esta frase cujo autor desconheço colidiu comigo todo o dia, e só (!) diz isto:

a tarde é uma égua e a tua demora uma navalha.