domingo, setembro 30, 2007

Sobre o verde do trevo

De alguns corpos se diz que são transbordantes, quando se deitam é raro não deixarem sinais: pequenas manchas de sol recente ou delicadas sementes de alegria. Da substância vertida sobre o verde do trevo se diz também que é eloquente (eu diria irradiante), não sei se pelo cheiro ao oiro da poalha humedecida, se pelo brilho de seda acariciada. o que sei é que fascina as formigas e põe em cólera as éguas que nenhum vento emprenhou.

Poesia, Eugénio de Andrade, ed. FEA, 2000.