sábado, agosto 09, 2008

Lapa, Sernancelhe

À esquerda a Igreja, à direita o piso superior do Colégio dos Jesuítas, de permeio o passadiço, -- por onde passavam, estremunhados, às matinas, Aquilino e os demais estudantes moçoilos, mailos frades ensimesmados -- a proteger do profano e a encaminhar ao sagrado (Julho de 1895, com 10 anos).
O granito, na sua dura frieza, ou fria dureza, em arco de volta redonda, protege a anima das tentações álgidas do exterior e da endógena calidez, num corredor por escassa luz alumiado, espécie de antolho a ordenar: não vás por ali! E o 'ali' eram os lapêdos sem fim, no planalto do tamanho de um céu, onde a noite na meia-tarde de janeiro se punha, com um hálito escuro pigarceado de neve ladroa, entre o rumorejar da carqueija e da giesta, a sibilar às verças do Vouga recadilhos para o mar.
E deste porto partiu Aquilino, para Lamego, Viseu, Beja, Lisboa, Paris, Alemanha, para o mundo que trazia dentro de si, em ânsia já rasgado...