sábado, julho 11, 2009

Convento de Nossa Senhora da Assunção, Tabosa

No frontispício, a imagem de São Bernardo de Claraval.
Janelas no tempo
Arcos e torres em granito, com memória, à espera, pacientes, de contar suas histórias.
Pórticos de passagem entre dois estados e de acesso ao mistério.
Sob estas lajes estão sepultadas as Irmãs fundadoras.
Este Convento fundado em 1690 por D. Maria Pereira, foi o último Cisterciense construído em Portugal.
Fonte Wikipédia: "No ano de 1692, segundo uma doação de D. Maria Pereira, senhora de origens fidalgas e de largas posses, foi fundado na sua Quinta da Luz, sita no lugar de Tabosa, Concelho de Caria, e pertencente à jurisdição da Diocese de Lamego, um mosteiro para freiras Bernardas Recolectas, com capacidade para 25 religiosas e dotado de elevados bens e rendas para o seu sustento e continuidade. O mosteiro então criado ficava sob a tutela do Mosteiro de S. Pedro das Águias dada a sua proximidade (Tabuaço), sendo na altura seu Abade D. Diogo de Castelo Branco.
A este lugar ermo recolheram-se as primeiras freiras, vindas do
Convento de Nossa Senhora da Nazaré, da freguesia do Mocambo da cidade de Lisboa, onde se seguiam também os mesmos princípios austeros, de recolhimento e de recuperação da espiritualidade que a Reforma Recolecta pretendia devolver à Ordem de Císter.
O Mosteiro aberto com a vinda de 5 freiras daquele Convento de Lisboa (de entre as quais a própria Madre Abadessa), e 2 monjas conversas, inicia então a sua história e percurso nos pouco mais de 150 anos que acolheu monjas cistercienses.
Com autorização para albergar 25 monjas como inicialmente pedido pela sua fundadora, o Mosteiro poucos anos após a sua abertura chega a ter 27 religiosas, provenientes a sua maioria de filhas de famílias nobres da região, e de algumas familiares de D. Maria Pereira, conforme estipulado nos documentos e licenças emitidas aquando da sua fundação.
"
Claustros compostos por elegantíssimas colunas toscanas.
É cenário do conto "Valeroso Milagre", Aquilino Ribeiro, publicado como separata da revista ABC, em 1921 e in Estrada de Santiago (1922). Mas, fundamentalmente, e esta tese estou disposto a prová-la com factos e em sítio oportuno, que é in situ, é o cenário maravilhoso de A Via Sinuosa, 1918, e isto apesar de AR, ficcionalmente nos baralhar, remetendo para um convento próximo a acção, o Convento de S. Francisco de Caria. Aliás, sem presunções de erudito que não sou, está ao alcance de qualquer leitor atento, pegar na referida obra, ir ao local e começar por ver o snr. Padre Ambrozio "sentado na borda do tanque que uma figueira toldava de deleitavel sombra"...
Mesmo o facto de ter estado sob jurisdição do Mosteiro de S. Pedro das Águias (Tabuaço) e sobre o qual já aqui deixámos notícia, serviu a Aquilino, para encontrar o topónimo para o Solar de Santa Maria das Águias, residência de Estefânia Malafaia, presumivelmente sito ao Arcozelo. Sobre este nome dos Malafaias também cremos ter explicação, pois o delegado do procurador da República que ao tempo investigou o Crime de Serrazes (S. Pedro do Sul), coincidente com o tempo da escrita do romance, que vitimou um Malafaia, era oriundo de Barrelas, de um família próxima de Aquilino... E Aquilino, não deixaria também de "aproveitar" as "Águias" que porta no nome "aquila -» aquilino"...
Assim se entretecem as urdiduras. 91 anos passados, compete-nos, com devoção, encontrar fio e ponta do novelo, o que, diga-se em boa verdade, é uma tarefa gratificantíssima.
Esta maravilhosa peça da História Cisterciense e do Património Nacional parece, enfim , ter caído em boas e justas mãos, adquirida que foi, recentemente pelo Dr. Luís Mergulhão, cuja sensibilidade e saber lhe ditaram um longo processo de reconstrução e restauro no respeito pela traça original e dignidade perdida.
Seria este palco o cenário ideal para uma dramatização de O Valeroso Milagre, ou para um próximo ciclo de conferências aquilinianas. Aqui deixo o repto, ao seu legítimo proprietário e à Câmara de Sernancelhe, tão orgulhosa, também, dos seus provados pergaminhos culturais.
Este assunto fica em aberto...