Efeméride: Faz hoje 124 anos que nasceu Aquilino Ribeiro.
Às 13 horas de um dia soalheiro, talvez como de hoje, no "Pátio dos Sanhudos", Carregal, Sernancelhe, nascia Aquilino Gomes Ribeiro, primeiro de três filhos de Joaquim Francisco Ribeiro e Mariana do Rosário Gomes.
Muita me honra publicar uma fotografia inédita, só possível graças à inexcedível e tão própria gentileza do Sr. Dr. Manuel Machado de Sá Marques, sobrinho do escritor e afilhado de sua esposa, Dª Gerónima Rosa Dantas Machado.
Foi tirada em Junho de 1929, no dia do casamento de Aquilino, na Mairie de Montrouge, em Paris. De acordo com o Sr. Dr. Sá Marques, nela se vêem:
" da esq. para a dir. - Elzira (minha tia Zira) - Avô Bernardino - Avó Elzira - Aquilino - Gerónima Rosa (minha tia Gigi, e minha madrinha) - Maria Mendes Machado (minha prima, filha mais velha do meu tio Miguel) - Sofia Alexandrina (minha tia Sofia) - Maria Adelaide Machado Sá Marques (minha irmã Laida) - tia Joana. Minha irmã e minha prima estiveram em Paris desde muitos meses antes do casamento, e assistiram ao "namoro" dos noivos; por esse facto tenho fotos e correspondência de minha irmã, com descrições interessantes sobre essa época. Em Beyris esteve a estudar minha irmã Manuela, que acompanhou o nascimento do "Lininho" e conviveu com seus pais. A sua correspondência também é curiosa... A "Estrada de Santiago" foi escrita em casa emprestada por meus pais ao casal Aquilino e Greta, na Idanha - Belas, onde escreveu também o "Romance da Raposa", que foi editado, após ter deixado essa casa. Tenho cartas do Aquilino para meu pai sobre este período..."
Longo é o mail recebido e contém muita informação preciosa. Trancrevi um excerto. Fica a curial reflexão feita pelo Sr. Dr. Sá Marques: "Porque nunca foi referida esta residência nas biografias do escritor?" Naturalmente porque foi uma informação que ficou no âmbito da família. O que é tanto mais estranho quanto, pelo menos e de acordo com a datação das duas obras, 1922 - 1924, respectivamente, não foi uma residência de escassos meses, como sucedeu aqui em Viseu, quando moraram em Abravezes, em 1932, depois de entrarem clandestinamente em Portugal, vindos de Tui. Hoje, estou em condições de afirmar que esta casa foi proporcionada pelo amigo do Escritor, beirão de Calvos, Vouzela, o Professor Cristovão Moreira de Figueiredo. Sendo assim, também aqui terão sido "lapidados" e escritos (conjectura minha) "Recreação Periódica", de Francisco Xavier de Oliveira e "O Cavaleiro de Oliveira", o Protestante Lusitano (ambas com a mesma temática), que vêem prelo em 1922. É claro que esta reconstituição biográfica, se despicienda para muitos estudiosos, focalizados exclusivamente na obra produzida, que não na vida do Escritor, não deixa, no meu enfoque muito centrado na temática aquiliniana, de ser preciosíssimo contributo para melhor compreender e divulgar a sua bio e bibliografia. Até e de acordo com os objectivos editoriais da revista que dirijo, que muito se honrará pela possibilidade de dar luz a tudo quanto constar do precioso acervo do Sr. Dr. Sá Marques, proporcionando a todos os estudiosos e cultores de Aquilino o mais vasto conjunto de informação possível.
A gratidão de todos nós, Sr. Dr. Manuel!
Em homenagem, leiamos todos, hoje, não digo uma obra, mas que seja um capítulo ou excerto de uma obra de Aquilino. Ou então, peguemos num livro e demorêmo-lo na mão, desfolhêmo-lo e detenhamo-nos aqui e ali, correndo os olhos pelas inexcedíveis paisagens beiroas, bairros de Lisboa, ruas de Paris, História de Portugal, crítica literária, etnografia, romance infantil, teatro & etc... no fundo, no imenso fresco que esta universal obra tanto e tão bem pinta, com cores feitas de luz, palavras prenhes de cheiros e sonoridades tão vívidas e hoje, por todos nós, sentidas.
AVE, AQUILINO!
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