sexta-feira, abril 03, 2009

V. Ferreira in Alegria Breve:
"Mortos que passastes -- vejo-vos. Fito-vos o olhar que me fita, longo, piedoso, triste. Como numa galeria, de um a um. Nada dizeis. E de súbito uma música ignorada cresce-me de longe, como um aceno humilde, os meus olhos tremem. Suave e longínqua e tão ilícita. Sobe em mim. Aperta-me o pescoço como uma criança -- a ternura é o mais difícil e enternecemo-nos tanto. Que é que comove? Como uma árvore, às vezes penso, o homem pode subir alto, mas as raízes não sobem. Estão na terra, para sempre, junto da infância e dos mortos."