sábado, março 31, 2007
sexta-feira, março 30, 2007
carta da noite
"carta da noite que o dia recebe no seu colo vagaroso e apaziguador. carta que a noite sempre me dita e eu contenho para que não grite. é esta a carta que ando a escrever nos intervalos vagos do pensamento para te dizer do lugar do vento na tua ausência, o vento como vaga que vem da tua boca para a minha. carta que te quer dizer dos sobressaltos da noite, as descidas profundas para o teu nome, os socalcos prazenteiros que se abrem ao sol de outono quando te penso perto. carta que te fala dos sulcos da pele, da vaga impressão de desamparo na falta do teu corpo. carta esta onde te tenciono falar do calor que me ruboriza ao saber-te do lado de lá a falar-me calmamente, ouvir a tua voz vagarosa e simples dizer-se e eu responder, deixar o serão envolver-nos na sua manta quente, é sempre inverno quando a noite chega e a tua presença me cresce dentro como um fogo a incinerar devagar o tempo."
(...)
ana
quinta-feira, março 29, 2007
meu ermitério
um androgínico viana...
(faltam os cães deitados nos sofás azuis)
em exposição permanente, quebro a solidão com um crepuscular san payo, e uma dama, minha companheira de leituras
um mário silva, da fase rosa, coimbra vista de além mondego
em exposição permanente, quebro a solidão com um crepuscular san payo, e uma dama, minha companheira de leituras
um mário silva, da fase rosa, coimbra vista de além mondego
& etc.
(para não fazer concorrência às galerias... hoje fico por aqui)
todos estes quadros têm uma estória pitoresca,
um dia conto...
como este da mjf, que estava no escritório do marchand, na parede, detrás de uma imponente secretária, e que ele não vendia por dinheiro nenhum, tendo sido uma oferta da pintora, que ele estimava acima de todos os artistas ...
terça-feira, março 27, 2007
segunda-feira, março 26, 2007
domingo, março 25, 2007
canto constante
253.
gostaria de ouvir contigo
esta peça de jazz
falar humilde sobre conversas de músicos
254.
e passear por entre as vinhas
e os pomares
subindo o rio
255.
sensíveis
à magia singela
do encantamento
256.
caminharmos lado a lado
pisando a terra vermelha
num mesmo impulso par e passo
257.
sorvendo o ar
ouvindo as narcejas
e roçagando as mãos
258.
estremecer
sob a velha figueira
ao saboreio do figo de mel
259.
regressar à casa de xisto
fresca e umbrosa
e saudar-te com vinho tinto boroa e o latir dos cães
260.
ouviríamos mais jazz
olhos fechados
a haurir a felicidade
261.
é minha proposta
aceitas
ou outros chamamentos te atordoam?
Nota:
há seis anos...
provincianos sábados de um labrusco serrano
saboreiem a sonoridade telúrica e d'antanho desta toponímia, hoje corrida:
Moselos
Bigorne
Gosende
Feirão
Arco
Vinhós
Resende
Rendufe
Bulho
Massorra
Porto de Rei
Caldas de Arêgo
Cinfães
Portas de Montemuro
Castro Daire
...
(isto soa a godo, astrogodo, suevo, alano...!)
sábado, março 24, 2007
DOIRO
Impacientes, os cavalos, todos da mesma raça...
a bordo por este rio acima
as cerejeiras, que frutificarão em Abril
pontes baixas
& pontes altas
e belas residências lacustres
de uma margem e de outra
18:00 ---» por este rio abaixo...
Corre, caudal sagrado,
Na dura gratidão dos homens e dos montes,
Vem de longe e vai longe a tua inquietação...
Corre, magoado,
De cachão em cachão,
A refractar olímpicos socalcos
De doçura
Quente.
E deixa na paisagem calcinada
A imagem desenhada
Dum verso de frescura
Penitente.
Miguel Torga, Diário XI
cherry trees day
lá vou a "voando" para o Douro
ainda lá chegarei hoje?
cerejeiras em flor...
barco fretado a rigor...
almocinho à beira rio...
e uns fados de Coimbra (?!?)
depois conto-vos,
porque hoje é sábado...
(a inveja é feio sentimento!)