segunda-feira, agosto 31, 2009

"Voltar a Ler 3" - AQUILINO RIBEIRO, 19/20 Setº, em Sernancelhe


Aprestam-se os penúltimos pormenores do Colóquio.
Hoje, em Aveiro, a gentil convite do Professor António Manuel Ferreira, da UA, com o vice-presidente da Câmª de Sernancelhe, Dr. Carlos Silva, no "Centenário", durante o almoço.
Universidade de Aveiro / Câmara de Sernancelhe
Links para o Colóquio sobre Aquilino Ribeiro :

B. Brecht

(esquisso para uma coreografia do desalento, pn)

NECESSIDADE DA PROPAGANDA
1

É possível que na nossa terra não ande tudo como devia andar.

Mas ninguém pode ter dúvidas de que a propaganda é boa.

Mesmo os famintos hão-de concordar

Que o Ministro das Subsistências fala bem.


(...)

8

E mais uma coisa dá que pensar um pouco

Sobre a finalidade da propaganda: Quanto mais propaganda há na nossa terra

Menos há do resto.

Poemas de Svendborg, in Poemas, Versão portuguesa de Paulo Quintela, Ed. Asa, 2007.

domingo, agosto 30, 2009

arrozeira


Cão?


Estátua representando um lobo ou um cão, de focinho arreganhado, em ferro maciço.
Antigo batente de porta ferrada, tem 16 cm. de comprimento e pesa 1,5 kg.

spleen


Sá de Miranda

Quem muito pelejou, como irá são?
Quantos ledores, tantas as sentenças,
c'um vento velas vem e velas vão.

Carta a D. João III
(o mester da escrita e a arte de navegar)


Quando a víbora no ar morde,
por mais peçonha que traga,
não temas que eu inche ou engorde,
nem hajas medo que acorde
bradando pela triaga.

Gil, na Écloga Basto

sábado, agosto 29, 2009

já lá vai meio século...

Remexer em papéis velhos e encontrar coisas do passado.
O pn muito bébé, com um ar decidido e "arrumadinho", no Sátão.

Idem, na Quinta das Vigárias, (57). Rústico, dentro de uma manjedoura amovível. O verdadeiro laparotinho.
É indiscutível que na memória ficam impressivamente marcadas as nossas raizes mais profundas...
Fotografias de meu pai, que andava sempre com o caixote às bolandas. "Patricial", este hábito?




um sábado

Um sábado ancho de calor.
Convite para o remansoso frescor da casa, à meia treva.
Ler a imprensa de fim de semana, a actualizar-me, de rajada, espécie de zaping 'jornaleiro', das desgraças por aí de arraiais assentes...
Depois, pegar em dois títulos novos do nosso panorama editorial: A Breve e Assombrosa Vida de Oscar Wao, do dominicano Junot Díaz, Pulitzer Prize 2008, em ed. da Porto Editora; e alternar com A Ofensa, do espanhol Ricardo Menéndez Salmón, da mesma editora, estuante de vitalidade. Capítulo a capítulo, ora de um, ora de outro, como bem gosto...
Uma opípara merenda de figos de mel, muito frios, uma fatia de doce melão e um mazagrin (bebida argelina composta de café com gelo e limão - ao fim e ao cabo o meu avô materno, Albert, era lusitano naturalizado argelino, de Oran, onde viveu quase 4 décadas).
Um mergulho e umas boas braçadas, numa água também rendida, na sua tepidez, ao ardido bafo estelar e, de seguida, ainda gotejante, dou ao espírito, de Saint-Saëns, concertos de 'cello', por Rostropovich (da EMI).
A canícula cedeu lugar a uma aragem suportável.
As 20 horas arrumam o sol e é nesta suave calidez do fim do dia, que o espírito se recompõe e harmoniza, apaziguado, numa lassitude de bem estar.
Para amanhã, uma sardinhada na aprazível quinta de minha sobrinha Ana, nas Pedras Salgadas.
Terei alento para a estrada?

sexta-feira, agosto 28, 2009

O espólio do Sr. Dr. Manuel de Sá Marques...

O Nequinhas, Manecas ou Necas, hoje o ilustre médico, Dr. Manuel de Sá Marques, tinha 6 anos quando recebeu este postal assinado pela Sra. Dª Gerónima Dantas Machado, "Gigi", filha do Presidente no exílio, Dr. Bernardino Machado, tia e madrinha do destinatário, e por seu tio Aquilino, também exilado por implicação na intentona de 7 de Fevereiro, contra o Estado Novo (2º exílio).
Entretanto regressado clandestinamente a Portugal, refugia-se em Soutosa.
Em 1928 participa na frustrada rebelião do Regimento de Pinhel , é feito prisioneiro em Contenças, Mangualde e encarcerado no presídio do Fontelo de onde se evade mais o seu amigo do Freixinho, Dr. Gomes Mota, a 15 de Agosto desse ano -- dia da Nª Sra. da Lapa (3º exílio).
Não esqueçamos que o 1º exílio decorre em Paris, de Maio de 1908 a 1914, com uma vinda a Portugal, em finais de 1910, decerto para festejar a República.

Este segundo postal é dirigido ao Luizinho, e já premonitório do que viria a ser um renomado Arquitecto, Luís de Sá Marques, (já falecido)
A saudade e a dor do exílio estão patentes em ambos.
Aquilino e sua Esposa residem então em Baiona. Antes viveram no sul de França, em Ustaritz. Naquela cidade nasceu o 2º filho de Aquilino e 1º do casal, Aquilino Ribeiro Machado, a 6 de Abril de 1930.
Passam depois para a Galiza, numa forma de se aproximarem da sua terra, primeiro para Vigo, depois para Tui. Em 1932 entram em Portugal clandestinamente e vão morar, por pouco tempo, em Abraveses, Viseu.
Ainda neste ano, regressam a Lisboa, instalando-se na Cruz Quebrada.
Aquilino é amnistiado e recebe o Prémio Malheiro Dias.
Carlos Malheiro Dias prefaciou a 1ª obra de Aquilino, Jardim das Tormentas, contos (1913).
Aquilino dedica-lhe Terras do Demo (1919).

Nota Final: Minha gratidão ao Sr. Dr. Manuel de Sá Marques, pela cortesia de nos proporcionar estes documentos, permitindo-nos partilhar esta informação com os visitantes do brevitas.





quinta-feira, agosto 27, 2009

Universidade de Aveiro / Câmara de Sernancelhe

Secretária com História

Esta secretária, que foi pertença do Presidente da República, Dr. Bernardino Machado, foi depois do seu genro, Aquilino Ribeiro. Hoje está patente no Museu Bernardino Machado. Quantas páginas da História e de romance aqui terão sido escritas...?
Contactos do Museu:
Rua Adriano Pinto Basto, n.º 79
4760 - 114 Vila Nova de Famalicão
Telefone: 252 377 733 E-mail:
museu@bernardinomachado.org
(Foto gentilmente cedida pelo neto do Estadista e sobrinho do Escritor, Dr. Manuel de Sá Marques)

quarta-feira, agosto 26, 2009

Convite

( Clique na imagem, pf. )
No lado dto. do convite está o site que deve consultar para se inscrever.

SPA - 15 a 28 de Abril de 2008

Dr. Alfredo Caldeira, Dr. Mário Soares, Engº Aquilino Ribeiro, no uso da palavra, e Dr. António Valdemar.
O Engº Aquilino Ribeiro Machado e Esposa, em casa.
No Auditº Maestro Frederico de Freitas, ARM e António Valdemar.
A Sociedade Portuguesa de Autores comemorou os 50 anos da obra de Aquilino Ribeiro, "Quando os Lobos Uivam".
Algumas das comunicações feitas:
António Valdemar, jornalista: "1958 - A realidade cultural, social e política do país";
Fernando Rosas, professor e deputado: "A campanha para atribuir o Prémio Nobel da Literatura a Aquilino Ribeiro - Apoios e obstáculos dentro e fora do país";
Aquilino Ribeiro Machado, engenheiro: "Tribunais Plenários - A cumplicidade entre alguns magistrados e a PIDE, descrita em Quando os Lobos Uivam";
José Jorge Letria, professor, cantor, escritor...

As fotografias publicadas, que muito agradeço, foram feitas pelo Sr. Dr. Manuel de Sá Marques, sobrinho do Escritor, que com a sua habitual lhaneza e cordialidade, gentilmente, no-las facultou.

terça-feira, agosto 25, 2009

O Menino Jesus da Lapa...

... na sua casaca à marquês de Marialva, própria da corte joanina.

segunda-feira, agosto 24, 2009

Família ...

Meu pai, Álvaro, 1921-1995, era o irmão mais velho; seguia-se minha madrinha Maria Helena, profª de francês, o meu padrinho Vasco Simão, médico radiologista e a tia Tereza, funcª notarial, única sobreviva.
A avó Natividade (a mãe morreu no parto) e o avô Hilário.
Eram de 1900 e 1901, respectivamente. Primos direitos. O avô era brasileiro, filho de uma bela napolitana, Dª Tereza Demar.
Veio a Portugal e visitou a família com apresentação de cumprimentos. Apaixonou-se pela prima e cá ficou. Vinha formar-se em Contabilidade e Administração, na Escola Raul Dória, no Porto, para gerir os negócios dos pais, em Santos. Acabou por se licenciar em Direito, na Universidade de Coimbra, onde foi aluno de Salazar.
Atente-se na pose e na "simbologia" das mãos...
O bisavô Almeida Pereira Carreira
A bisavó Joana




puer

O kico, meu sobrinho-neto, com bem dispostos 38,4º de temperatura...

domingo, agosto 23, 2009

senex


O Xico...

... a arriscar as primeiras incursões a solo (acauteladas pelo pai cuidoso).

sábado, agosto 22, 2009

O Francisco, o Argos e o Joyce





janela


sexta-feira, agosto 21, 2009




quinta-feira, agosto 20, 2009

Re-interpretar Aquilino...


... através de fotografias. No caso concreto, extraídas de "Aquilino Ribeiro", coordenação de Manuel Mendes, ed. Arcádia, 1960, Lx. Desenhos feitos no paint e trabalhados no photoshop.

(clicar nas imagens para as aumentar)




19 de Setº de 2007

No dia da trasladação dos restos mortais de Aquilino Ribeiro para o Panteão Nacional, o Sr. Dr. Manuel Sá Marques, e Mónica Ribeiro, primo e neta do Escritor, sentados à nossa frente.
Recorde-se que Aquilino publicou o romance "Mónica", em 1939, dedicando-o ao viseense Cristovão Moreira de Figueiredo.
Momento do discurso do Sr. Presidente da República.

quarta-feira, agosto 19, 2009


terça-feira, agosto 18, 2009



domingo, agosto 16, 2009

A Volta a quê?



É Domingo. O calor é um casaco de ferro esbraseado colado à pele nua, peganhenta. O sossego perdeu-se. Andam às Volta(s) de bicicleta por aqui. Dizem que é a Volta a Portugal. Portugal é o bairro onde eu moro? Porque não privilegiam outros? Os helicópteros das tv's atordoam o ar com suas rotativas e motores, em voos rasantes. Avionetas fazem loopings destemidos. A massa ulula. Os pássaros fogem espantados. Não há onde estacionar os carros. As equipas estrangeiras de mecânicos estacionaram suas roulottes em frente. Os Viriatos desceram à cidade a ver os reis do pedal sob a canícula pouco piedosa, correndo atrás dum canário amarelo. Assobiam sirenes. Ferram-se claxons. Piróriris cortam o ar, altifalantes berram coisas incompreensíveis. Talvez brados de triunfo, coisas de guerreiros, ou gritos de élan, essa força anímica que impele para diante e a mim me impele para uma lura fresca, longe de ciclistas e acólitos. Agarro num livro, leio um capítulo. Pego noutro, leio um capítulo. Pego noutro, leio um capítulo. Assim demoro a chegar ao fim. Truques d' entediado. Ouço a harmonia da Antena 2 para cobrir os ruídos circundantes. Os meus cães encaram-me com perguntas nos olhos de ambígua resposta. Talvez: "a que horas acaba o circo?" e eu respondo "Portugal, no Verão é um coliseu. Gigantesco." Ponto final.


sábado, agosto 15, 2009


sexta-feira, agosto 14, 2009

Dª Jerónima Dantas Machado

É pungente o olhar de Aquilino para sua Esposa e companheira de 34 anos, Dª Jerónima Dantas Machado. Aqui, também com o filho, Engº Aquilino Machado Ribeiro. Esta fotografia foi tirada dias antes do seu falecimento, em Lisboa, 1963. Está publicada na pág. 73 da fotobiografia "Aquilino Ribeiro", da autoria de Fernando Namora, ed. Galeria Artis, 63.
Nesta imagem, todos ostentam um ar pesaroso, premonitório do próximo 27 de Maio.
Estas duas fotografias são publicadas com a devida autorização do seu detentor, o Sr. Dr. Manuel Sá Marques, neto do Presidente Bernardino Machado, sobrinho de Aquilino e de Dª Jerónima, que foi também sua madrinha.
Agradecemos-lhe a simpatia e a abertura que nos proporcionou, nesta nossa incansável pesquisa aquiliniana. O Sr. Dr. Manuel Sá Marques, médico, é de família oriunda de Vila Nova de Paiva, sendo filho do Dr. Alberto de Sá Marques Figueiredo e sobrinho do Pe. José de Sá Marques. O nosso muito bem haja.
Esta imagem foi captada durante o 2º exílio de Aquilino, após o 28 de Maio de 1926, em Beyris, França, 1930. Da direita para a esquerda vemos o Dr. Bernardino Machado (também exilado), filhos, esposa e o genro, Aquilino. Este tinha desposado em Junho de 1929, em Paris, na Mairie de Montrouge, Dª Jerónima. Vão viver para Ustaritz, no Sul de França e mais tarde para Baiona, onde nasce a 6 de Abril de 1930 Aquilino Ribeiro Machado. Daqui vai residir para a Galiza, Vigo e depois Tui, num aproximação gradual à pátria. Entra em Portugal, clandestinamente, em 1932 e mora por pouco tempo em Abraveses, Viseu, seguindo depois para Lisboa onde passa a residir, na Cruz Quebrada, sendo finalmente amnistiado.
Em 1912, com dedicatória ao Dr. Alberto de Sá Marques, da esq. para a dta. Maria, Joaquina, Gigi (Jerónima) Machado e Hermínia Fusillier.
Nota: Para politólogos e estudiosos do Dr. Bernardino Machado, recomendamos o blogue:

quinta-feira, agosto 13, 2009

Finais de 50...

Esta fotografia minha, tirada por meu pai, Álvaro, na nossa Quinta do Ladário, mostra-me em cima de uma coluna miliária, estela funerária... "poeira arqueológica"... que foi removida, provavelmente pelo Cap. Francisco de Almeida Moreira, no seu afã de preservação, e hoje deverá estar no Museu Grão Vasco.
Aquilino, no seu prefácio infra citado, escreve:
Para executar essa missão só um homem, como o falecido Francisco de Almeida Moreira, de alma abnegada, simultaneamente diplomata avisado, que soubesse convencer curas e fregueses de que as colunas miliárias, que se encontram uma vez por outra à borda dos caminhos, estão, não raro, a servir de esteios a latadas, andam a fazer de pedra lagareira nos lagares, e igualmente que as lápides e estelas encostadas aos muros dos adros e tantas vezes inseridas nas vedações das hortas, só valem uma estimativa como relíquias espirituais, que é obrigação estricta acautelar do vandalismo, filho da ignorância, e das depradações que traz de envolta a roda dos tempos. A pessoa providencial surgira por altruísmo puro na sociável terra beiroa, e não leve a mal que diga mais uma vez que essa pessoa foi V. Cristovão Moreira de Figueiredo, emérito professor da Escola Industrial de Viseu.
(infra citada revista Beira Alta, 1952).
Creio, contudo, que esta "estela" só poderá ter sido tirada com a devida autorização de meu avô, Hilário de Almeida Pereira.
Por dois simples motivos:
Era o proprietário do lugar onde ela estava;
Era presidente da câmara do Sátão, da qual o Ladário era freguesia, notário e delegado do procurador da República (estranha acumulação - a edilidade sendo serviço público não remunerado) logo, pessoa esclarecida e com o poder suficiente para não passarem por cima da sua legítima boa vontade...
O que nunca seria preciso, pois, curiosamente, através duma certidão de provimento de meu avô como notário, em Diploma de Função Pública, datado de 24 de Agosto de 1931, é nomeado estagiário do notário de Viseu, Alexandre Lucena e Vale, outra das personalidades determinantes na salvaguarda do património histórico de Viseu, notável erudito e director da revista Beira Alta.
No fundo, há uma circularidade explicativa e clarificadora em todas estas andarilhanças...