segunda-feira, junho 30, 2008

2ª feira de um dog-sitter

um dog-sitter estremunhado, besuntado e alagostinado
Argos Neto
a rapaziada a "destressar"
Joyce Neto





domingo, junho 29, 2008

polis


sábado, junho 28, 2008

ufana vela em seu mar chão

sexta-feira, junho 27, 2008

fábula

1.
é longo o ressentimento de cão velho
mas esse sentir repetido
e negativo
escasseia.
como a lealdade lhe é vital
o são espaços e afectos.
a todos perdeu o homem.
se mal sente
como ressentir?
o espaço do mundo
na sua infinitude
é-lhe inapropriável
logo
deixa de ser referência.
finalmente
as pessoas
2.
passa tanta gente afora nossas vidas
um modo do vento ganir
junto à mole imensa do seixo branco
astrolábio da noite como outrora teus cabelos
um corvo perdido a voar sem senso
pobre orato a adejar vento
gasto nas arestas da pedra.
3.
recusei a palavra pessoa
porque gente é muita
hesito tanto em contá-la
como em divisar-te na multidão
donde emerge um calor ténue
uma espiral assim coruto de teixo
poiso do corvo
pelourinho onde teus braços m'enleiam
e expõem.
basta-me saber-te lá
e é como ouvir o longo sustenido de um coro.
a gente
4.
sermos dois lençóis de linho cru
guardados dois séculos sem luz
um junto ao outro
num gavetão de castanho encerado
de uma arca do passado
com um segredo por descobrir
na boca cerrada antes de o dizer
e uma ferragem em cobre
onde a última mão deixou o adeus.
5.
uma nuvem
talvez seja uma nuvem
imóvel
apenas de póros abertos
por um beijo de vento
a pensar se dança
ao som de harpa ou guitarra de contar fado.
6.
dói-me o indito
tanto quis contar-te júbilos e agonias
olhar-te por dentro dos olhos
e pairar-te na pele...
mas retive a ousadia
como um abat-jour
e se reter é ter a dobrar
então a tive
e hoje
em vão
-- como aquele ausente no momento exacto
do fim --
(a agonia de morrer só )
com o lamento a cair dentro do peito.
7.
furiosos teus olhos no rosto impávido
(quão bem o sabias fazer e quanto me espantavas!)
mordiam-me a língua inútil
embaraçada no pejo.
8.
ouço hoje mais que tudo
o silêncio irado desse olhar.
9.
um soluço
assim cada palavra.
ou a cabeça negra do argos
pousada no luto do peito.
ora sombra
entre gente
esbatida.
10.
e aqui quêdo as dez palavras
ao sentido de dizer
negadas.
ciente delas
as adivinharás
fel arrulhado.

los pajaros perdidos




quinta-feira, junho 26, 2008

de 1 enunciado do exame nac. de matª

a possibilidade de o joão e a maria ficarem sentados um ao lado do outro no cinema decorre da experiência aleatória em que P designa probabilidade da variável de peso das maçãs de um pomar com desvios-padrões de distribuição.
e 2loga encontrar-nos-emos junto à função f de domínio de uma equação assimptota tendente para x quando um valor pode ser argumento no plano complexo das condições com unidades imaginárias de segmentos seccionados dizimados na forma centésimal por bolas verdes e azuis indistinguíveis ao tacto que por acaso podem ser azuis e verdes numa função de domínio paralelamente definida e axialmente coordenada por referenciais ortonormados em logaritmos de base visualizadas as curvas dos domínios indicados e as intersecções do gráfico de duas funções.
quanto à monotonia do seu domínio carece de indicar seus intervalos nos extremos relativos.
(PERCEBESTE, PÁ?)

sexta-feira, junho 20, 2008

vitral d'ermida


quinta-feira, junho 19, 2008


e sei que um dia ali estiveste
olhando a mesma água
vendo a mesma luz nela se espelhando
os mesmos laivos de fogo
braseando o mesmo xisto
e cheirando o feno do alto
que o ar trazia
no suor do poldro de vento




quarta-feira, junho 18, 2008

zagalinha beiroa com capa de burel apisoado em Frádegas


san payo


terça-feira, junho 17, 2008

talho d'olvido ou o fim do hermafroditismo


domingo, junho 15, 2008


sábado, junho 14, 2008

pastiche d'Almada

memorial

o portão roído da ferrugem perra
os esbeltos ferros contorcidos
a fechadura de chaves como braços d'abraçar
a sineta sem badalo nem corrente d'ondular
a calçada sob a crasta da latada
o odor do silicato de magnésio por tua boca dito pó de talco
a dióspireira de raízes ácidas onde os pardais não pousavam
o lago onde as meruges dançavam sem parar
o gorgolejar de água pássaros grilos e cigarras
o vento de afecto a saudar com assobios de brisa
as casas com mistérios e lareiras frias
as lojas onde o gado deixara o cheiro da vida úbere
a cal num tanque de pedra para limpar finados e avivar brevidades
as noites com sombras de coelhos e sátiros nos avelanais
a pele do leite e a nata de vidro quente
o roseiral de espinhos a aguilhoar amoras do jeito de teu olhar
o banco ao toro do castanheiro feito do primeiro castanho pelo tempo remoído
as mesas de pedra com bancos de pedra recusados aos corpos indolentes

o fumo das chaminés e as janelas onde bailavam linhos
a sintaxe de paz e o léxico de harmonia banidos hipérbatos e palavras aguçadas
recurso quase antídoto ao sibilado veneno da cobra verde
canteiro insistente a gladíolos na memória

e daí?

olho do ciclone
zona de calma estranha
interior da literatura
variação sobre denis roche
quand flaubert arrive en vue des pyramides, il éperonne brutalement son cheval
quand melville aperçoit le sommet de kéops il se dresse soudain sur ses étriers et part droit devant lui en galopant et en hurlant de toutes ses forces
chateaubriand arrivé sur les ruines de sparte s'épuise à courir vers chaque point cardinal en criant léonidas
- ces fantômes de monuments et de gens ne sont que des fantômes qui se lèvent un instant -

leitura livre de dans la maison du sphinx, seuil, 92

sexta-feira, junho 13, 2008



quinta-feira, junho 12, 2008




segunda-feira, junho 09, 2008

Nota: enviado pelo Jerónimo Costa.



Nota: enviado pelo Victor Monteiro.



domingo, junho 08, 2008


Somos 200 mil?
A multiplicar por 4 ou 5 familiares, amigos/solidários...
Mãos fora dos bolsos e cesse o assobio para o ar!
(Os pássaros fazem-no melhor!)
Objectivo: 1 milhão!!!

Nota: "fanado" no Ai Jesus!

dia d'esturricar ao sol, seivar e/ou alagostinar, por mor da clara pele...



sábado, junho 07, 2008

marés







trépan, instrumento para furar.

trepanação



sexta-feira, junho 06, 2008



estão verdes
estão verdes
estão verdes
estão verdes
estão verdes
estão verdes
estão verdes
estão verdes
estão verdes
estão verdes
estão verdes
estão verdes
estão verdes
estão verdes
estão verdes
estão verdes
estão verdes
estão verdes...

o sol...







quinta-feira, junho 05, 2008


(...) "E nisto, Aquilino Ribeiro, sois tão português como o próprio Portugal, essa tapeçaria estendida do Minho ao Algarve, com o pâmpano enrolado contra a severa serrania; o boi solene em seu jugo rendado; a mulher a lavar, com a cantiga a bordar os ares, o rio a dilatar-se e as ondas a trançarem os cabelos; a sombra de arcadas e torres e a minúcia das filigranas; a vastidão do mar, e o peixinho na areia; a longura da lezíria, a vastidão da campina e, entre luar e sol, a ténue flor da amendoeira." (...)

Cecília Meireles, Rio de Janeiro, Abril de 1952

quarta-feira, junho 04, 2008

manus

Sempre considerei as mãos como extremidades ansiosas de nós.
Recordo, na minha distante juventude, o dar de mãos como aceitação tácita de um idílio nos seus primeiros esfusiantes e tímidos passos.
Hoje, ainda, a imagem bucólica de um passeio campos afora, ou à beira-mar trilhado, contém essa revisitada imagem do dar as mãos.
Aliás, a própria expressão carreia uma cálida ternura.
Diferente do apertar a mão, o dar a mão é entrega mais que compromisso ou saudação.
E a mais das vezes, é o primeiro contacto físico, táctil, entre dois corpos que já se miraram e cheiraram, pelo qual sentimos a pele do outro, áspera ou sedosa, quente ou fria, seca ou húmida, pelo qual intuímos das segundas percepções acerca do outro, com as quais, ritualmente, sabiamente, lentamente, vamos construindo um percurso de fruição.
Há um discurso mudo e eloquente na linguagem das mãos.
Amoroso ou belicoso.
Do afago ao murro, do apelo ao adeus, a mão é boca e bulha, sempre símbolo da proximidade dos corpos, à distância de uma mão, e do inefavelmente intraduzível/pugnativamente exprimível.
A Mão é de-obra, morta, cheia, entrave, solidariedade, possessão, quantidade, rigor, autoridade, punição, manuscrito, manipulação, manivela, punhado...

Para uma teoria da concepção literária em Aquilino



Já nos havíamos confrontado com situações análogas referentes a outras obras do Mestre do Carregal e Soutosa. Desta vez, na revista Atlantida (direcção de João de Barros e João do Rio) de 15 de Janeiro de 1916 deparámos com o conto A adolescencia mystica de Liborio Patarôxa, que é um esquisso do romance que vai ser publicado em 1918 (dois anos mais tarde) A Via Sinuosa, do qual possuímos a 1ª ed., a 3ª de 1922 e uma outra 3ª com capa de Stuart Carvalhais (o que levanta outro problema ao qual nos referiremos adiante).
A modos que numa experimentação, AR desenhava a diegese de alguns dos seus romances em short storys que ia publicando em revistas da época. Deste modo, auscultava também opiniões diversas. Mais tarde, no momento mais oportuno, dava alongada forma à intriga e produzia assim mais uma das suas obras primas. Este processo de maturação demonstra, que mais não seja, a ausência de repentismos oriundos de inspirações súbitas, ademais demonstrando que a congeminação, em Aquilino, era mais feita, também à moda torguiana, de ferreiro a aquecer a indómita palavra na forja quente da paixão, dela, e de muito a martelar com vigor, extraindo o período, o parágrafo, o capítulo... assim, bem esculpido e a suor de sentimento temperado, sem a espontânea criação que a tantos assistiu e a outros, tais Flauberts, só era surgida por titânico labor, caldeado na busca do perfeccionismo.
Deixamos aqui a incipiência deste tema, prometendo-lhe mais lata abordagem no provir.
O outro assunto prende-se com a dificuldade que um bibliófilo aquiliniano encontra, pois é tal a profusão de edições, simples e especiais, assinadas e numeradas, ilustradas (já lhe contámos 33 diferentes ilustradores), comemorativas..., que o deleite, por vezes, degenera num impotente pesadelo (outras num prazer renovado!). Quando cremos ter tudo, surge-nos algo novo, que nem no catálogo da Biblioteca Nacional consta (aquilino ribeiro, BN., Catálogo 16, 1985). Aliás, uma vez em conversa com seu filho, o Senhor engº Aquilino Ribeiro Machado, questionando-o sobre a mais exaustiva lista de obras de seu pai, remeteu-nos exactamente para este op. citado catálogo, que hoje temos fundamentos para achar incompleto, além de naturalmente inacabado, também face ao saído na sincronia que medeia entre a data de sua edição, 1985 e a actualidade, ou seja, 23 anos. Nomeadamente, no que concerne à bibliografia passiva.


segunda-feira, junho 02, 2008

Vª Feira Aquiliniana da Lapa

Ao almoço, elementos da Confraria Aquiliniana, a contar da esq., dra. Maria dos Anjos, dr. Jerónimo Costa, um membro da direcção cujo nome não me ocorre, o dr. Strecht e o dr. Lima Bastos.
O granito das Terras do Demo tem rosto...
...assim como a autarquia de Sernancelhe, o do dr. José Mário Cardoso, em traje da Confraria da Castanha.
o singelo acolhimento beirão
a omnipresença do Patrono-Mor

o pão da Lapa feito com água das nascentes do Vouga e do Paiva

a simpatia e beleza local
o dr. Jerónimo, um confrade da Castanha e o Vereador do Pelouro da Cultura, anfitrião, dr. Carlos Santiago Silva
minhotos e afinados despicantes tocadores de concertina
os nossos estimados amigos, Fernando Sena e José Mário Cardoso
o pão, o pão, o pão... no alvo linho acolhido

o balcão da taberna "Cinco Réis de Gente", limpinho das vitualhas

Decorreu no passado domingo a Vª Feira Aquiliniana, no Centro Histórico da Lapa, organizada pela Câmara Municipal de Sernancelhe, que, e para não variar, está de parabéns pelo rigor e destaque que confere à Cultura e à Tradição, não esquecendo, nunca, aquele que mais nome deu às terras onde nasceu, Aquilino Ribeiro, aqui enquadrado no Colégio dos Jesuítas da Lapa, onde talhou das primeiras letras, antes de ir para o Colégio de Lamego, Viseu, Seminário de Beja, Sorbonne...
Os autarcas locais acolheram os representantes das Confrarias Aquiliniana, da Castanha e Saberes e Sabores do Dão no restaurante Casa do Avô, na Sarzeda (casadoavo@sapo.pt) onde o tratamento foi opíparo.
De seguida, em romaria, todos à Lapa, onde milhares de forasteiros faziam a sua romagem, sob a égide da Santa padroeira e do Mestre do Carregal.
Recebidos que fomos na tasquinha "Cinco Réis de Gente", o rescendente pão, o belo fumeiro e a rútila pinga não deixaram de fazer jus à beiroa e superior forma de acolher, já tão bem traçada no ancho e cordial abraço que nos recebera.
Há autarquias assim...!