quinta-feira, julho 31, 2008

sugestão de leitura

Esta grande dama do Norte, Agustina Bessa-Luís, não deixa de nos surpreender. Fiel à Guimarães Editores (agora do PTP), este Dicionário Imperfeito é um ensaio, alfabeticamente ordenado (passe a tautologia), revisitando alguns topos do livre arbítrio da escritora.
Pretende ser o início de uma Opera Omnia, que ignoramos até onde irá.
Não esqueçamos que ABL é uma respeitável octogenária e 'picos' com oitenta e 'picos' títulos publicados.
Infelizmente, há muitos leitores da sua escrita afastados, porque tiveram que ler, com carácter obrigatório, no 12º ano, A Sibila, obra muitas vezes ensinada por profs que não gostavam dela por não a terem compreendido.
Logo, criou-se uma geração de não-leitores de Agustina.
Pessoalmente, continuo, até ao fim, a ser um seu cultor.
Sem arrependimentos, antes com porfiadas re-leituras (quero mesmo ser enfático!).
19,50 E. numa Bertrand perto de si.
Aproveite e peça o seu cartão de leitor, pois agora já lançam os pontos no respectivo balcão, emitem aí os vouchers, e por cada 1.500 pontos recebe um vale de 10 E.






esvaimento
que vais tão lento
secar ardores...

quarta-feira, julho 30, 2008

isocronia


no nosso círculo há incandescências geradas pela ausência presente e pelo presente ausente.
nem o passado nem o futuro estão presentes, mas dão-se-nos com o presente.

tédio

o som estrénuo palpita e palpa o gesto
detido no ar pasmado
o pecado...
peca com a culpa da suspensão







carta afável

Podia começar por dizer-te: O lugar nunca é o mesmo. E depois acrescentar, Eu sou a inconstância.
Sabes, a vertigem é um movimento de perda agitada, um penar sem olhos e de pés perdidos. E nós somos pouco menos do que uma folha teimosa e ainda forte, complacente e presa ao ramo que a lia ao tronco que a seiva... a folha, que luta num bailado estranho contra o vento sandeu que a quer, as bátegas de água irada e os frios desapiedados dos invernos longos que punem.
E é no sereno outono que a folha ousa a última amplitude da sua fatal liberdade, desprendendo-se exausta de tentada.
E caindo o vento a leva triunfante até a deixar à noite que a mirra, ao sol que a cresta e ao pé que a pisa.
E então, enfim, a terra mãe cuidosa a acolhe, e no calor mineral de seu seio dela faz húmus de novo ciclo, à folha que lutou para ficar à árvore presa e perdeu e caiu e se perdeu.
E é caída que enceta a deriva, os passos da perdição, a inconstância.
Podia pois começar por dizer-te, o lugar nunca é o mesmo.
Mas para quê, se bem o sabes?
Não sabes tu, penada alma, o mesmo que eu sei de perdição?
O incidente instante do intento das nossas perdições, serviu só para te dizer:
Eu sou a inconstância e nem a húmus chegarei...
não creio meu ser credível
o tónico da sanidade
é extraído de algas mortas

o algo morto
e a vida da coisa
purificam a esperança

o húmus
seiva sadio
a porfiada podridão
não sou daqui
mas também não sou d'além
não ser... se calhar
não é desculpa


absolutamente tu

na superação de intrusos

e anulação de ruídos

despertar



padecia incrível nostalgia
que a flauta silente
delicada à alba transmitia
litania de um despertar
embalo à luz coado
dolência sustida e renovada

segunda-feira, julho 28, 2008

as fotos (4) - de jcosta

À sáída do pátio da casa do Carregal.
"Além, naquela 3ª janela, era o quarto de meu pai." (no Colégio da Lapa -1895)
Dr. José Mário Cardoso, Engº Aquilino Ribeiro Machado, pn, à saída do Santuário da Lapa.
Dra. Maria Gomes Ribeiro e sua mãe, dra. Maria Alexandra Ribeiro, no quarto onde nasceu Aquilino (13 Setº 1885).
O que estaria o pn a contar, de tão divertido, com ar tão clericalmente sisudo?
O Engº Aquilino admirando a exposição da bibliografia completa de seu pai, patente no Centro de Artes de Sernancelhe.
Discurso na inauguração da exposição.








as fotos (3)

Escadaria do Convento de Nossa Senhora da Assunção (1690), em Tabosa.
Terra onde se fazem os fálgaros, descritos, por exemplo, em Terras do Demo (1919), receita das recolhidas do Convento, confeccionado com ovos, farinha e queijo fresco.
É um pão rico, ainda hoje feito pela dª Lúcia, que teve a gentileza de mo dar à prova, com a qual me deliciei.
Com tanto mimo, não tarda, migro para Sernancelhe!
O rio Távora, na barragem do Vilar, em paisagem espraiada do monte da Borralheira, onde se ergue o santuário da Nossa Senhora das Necessidades, patrona de Vila da Ponte.


as fotos (2)

André Cardoso, preparando-se para o virtuoso momento musical.
O dr. Jerónimo Costa durante sua prelecção.
O engº Aquilino lendo a dedicatória que apôs no livro Arca de Noé, III classe.
O dr. José Mário, no uso da palavra.
Mariana, com seu pai, descerra a placa da Sala Arca de Noé.
Ementa do almoço... as "entradinhas regionais" eram tábuas com vitualhas várias, em meio metro de madeira... que satisfariam dois reverendíssimos abades.






as fotos (1)

Da esq. para a dta., dras. Maria Alexandra e Mariana e engº ARM.
No Centro de Artes, antes da inauguração da Exposição e dos discursos que a antecederam.
Momento de recolhimento, no quarto do Colégio onde seu pai cinco anos estudou, olhando o pátio interior.
Na soleira da porta da casa do Carregal, numa pose tão típica de seu Pai.
O filho do escritor com Cinco Réis de Gente onde Aqulino retrata os seus 10 primeiros anos de vida.
Aquilino Ribeiro Machado e Mariana Ribeiro Machado, na divisão que foi outrora o quarto onde nasceu seu pai e avô, no Carregal.





a fazer de cronista

Vamos então dar relato do dia de domingo.
Como sempre, erguer às 07H00, passear os cães na Quinta do Bosque. Depois, saída para Sernancelhe, às 09H00, pois estava marcado encontro no cruzamente do Freixinho, junto à barragem do Vilar (rio Távora) com os presidente e vice-presidente da câmara. Acompanhavam-me o dr. Jerónimo Costa e esposa.
Marcáramos encontro às 10H00 com os nossos convidos, Engº Aquilino Ribeiro Machado, esposa e filha, no Hotel Rural, Convento da Nª Sª do Carmo, uma magnífica peça histórica do séc. XVII.
Tempo de cumprimentos, uma bica local e ala ao Carregal, a visitar a casa onde nasceu a 13 de Setº de 1885 o escritor Aquilino Gomes Ribeiro. Recebidos de braços abertos pelos actuais proprietários, o sr. Castelo e a dª Fernanda, porta franqueada, permitiram, pela 1ª vez que o filho e a neta do Escritor entrassem naquele que foi seu primeiro quarto e da janela avistassem os ciprestes e a Igreja do Divino Espírito Santo, tão bem descritos em Cinco Réis de Gente.
Após, rumámos ao Santuário da Lapa onde nos aguardava o presidente da junta, sr. Abel Monge e o reitor do Santuário, p. Amorim. Tempo de visitar o Colégio para onde, a 7 de Julho de 1895 (e até 1900, quando ruma ao Colégio de Lamego), fora estudar o Mestre, História, Geografia e Francês e onde o gosto pela leitura lhe é primeiramente despertado com O Bem e o Mal, de Camilo Castelo Branco.
Escreve em O Livro do Menino Deus:
No geral (os alunos) andavam para padre. Mas o colégio, que guardava o título do tempo em que os jesuítas instituíram ali uma residência, habilitava para outras carreiras, em especial para doutor em leis (...). Tal como se encontra, com paredes duma espessura de fortaleza, janelas amplíssimas de seixas, cornija abacial, todo de granito em que nem o tempo, nem o sol e a chuva metem dente, desafia a eternidade. No píncaro da serra, negro, imenso, parece uma verruga da terra. E, quando o sol poente lhe bate nas vidraças, o incêndio flameja pelas aldeias muitas léguas à roda.
Escreve em Uma Luz ao Longe:
Aí compus as primeiras linhas. No refeitório recitavam-se trechos de prosa e verso, tirados, por via de regra, da selecta. (...) Pois eu, não encontrando trecho a meu gosto ou porque quisesse ser original -- mania esta de que nunca mais me corrigi, com manifesto dano na nossa tortulheira tão indiferente à imitação -- verti uma poesia do francês, que foi muito saboreada.
O engº Aquilino Ribeiro teve o ensejo de nos indicar a 'cela' de seu pai, hoje quarto para peregrinos com o nº 33 (e sabia-o, porque 50 e tal anos antes, seu pai lho havia indicado).
Depois da Lapa o Convento de Tabosa, do Valeroso Milagre. Já em Sernancelhe o miradouro da Senhora de ao Pé da Cruz e, o estômago reclamando, um opíparo almoço, sabiamente confeccionado no restaurante Casa do Avô, do sr. Pedro Loureiro.
Salão Nobre da Câmara e, finalmente, Centro de Artes, onde perante público numeroso se inaugurou a Exposição da Obra Integral de A.R.
Seguidamente, Biblioteca Municipal e inauguração pela dra. Mariana Machado Ribeiro (O Livro de Marianinha) da Sala Infanto-Juvenil Arca de Noé (obra dedicada a Aquilino Ribeiro Machado), e inauguração da Sala de Conferências Aquilino Ribeiro, por mão de seu filho.
De caminho, para o Auditório Municipal, fomos ouvir duas peças de piano, virtuosamente executadas por André Cardoso, não sem que antes, na penumbra, ecoassem as palavras de Aquilino Ribeiro, naquela que foi a sua última entrevista radiofónica, a Igrejas Caeiro.
Mal saídos da porta afora, um grupo de concertinas nos aguardava, para nos levar, em cortejo, à zona histórica onde pontificava uma excelente merenda aquiliniana (ufa, que trabalheira!).
O dia estava chegado a seu término. O cansaço, dadas as mãos ao calor, fazia-se sentir. Os visitantes partiram para Lisboa. Nós, apesar dos esforços dos inexcedíveis dr. José Mário e Carlos Santiago Silva, os edis locais, para permanecermos noite adentro para a festa que continuava, desta feita do recinto da Feira, rumámos a Viseu...
Raro é um dia assim. Inexecedível, a prestação do Vice-Presidente e Vereador da Cultura, dr. Carlos Santiago Silva. Também com algum do nosso humilde empenho, tudo com êxito se coroou, o que nos dá alento para mais iniciativas. A Câmara de Sernancelhe e o seu Presidente não enjeitam obra e por todo o lado no-la mostram. Se até o engº Aquilino Ribeiro Machado, durante tantos anos Presidente da maior autarquia lusitana, Lisboa, o reconheceu, quem somos nós para o contradizer?
Anuncio aqui a saída, para breve, da Revista Literária da Câmara Municipal de Sernancelhe, AQUILINO, que intentaremos dar ao prelo em Setembro próximo.

domingo, julho 27, 2008

Um dia de festa!

Longo de mais, este domingo, ainda prenhe de emoções.
Amanhã dar-vos-ei relato.
Deixo-vos foto do Engº Aquilino Ribeiro Machado pouco antes de inaugurar a Sala de Conferências Aquilino Ribeiro, na Biblioteca Municipal de Sernancelhe.

sábado, julho 26, 2008

longo e profícuo dia

A russa Ksenia Morozova, durante a sua actuação, no 2º Festival Internacional de Piano, de Sernancelhe, preparando-se para executar o Estudo n.5 op.10, a Grande Polonaise op.53, de F. Chopin; Vocalizo op.34 de S. Rachmaninov e as Danças Argentinas de A. Ginastera.
O pn. no pelourinho, supliciado, a sonhar com águas refrescantes de piscina, ao fim de um longo dia que começou na A25 à espera dos jornalistas do Público, passou pela Lapa, Tabosa, Carregal, Freixeinho, Sarzeda, Sernancelhe e acabou em Viseu, de madrugada.
(foto de J. Costa)
O sr. José Castelo e a esposa, Dª Fernanda, actuais proprietários da casa onde nasceu Aquilino, a serem entrevistados pela Ana e pelo Paulo, briosos jornalistas do Público.
(Hoje há mais.
E para variar, amanhã, ainda mais há... Depois conto!)


































terça-feira, julho 22, 2008

Em Sernancelhe, pois claro!
















Com a presença do Senhor Engº Aquilino Ribeiro Machado e sua filha, dra. Mariana Gomes Machado.

segunda-feira, julho 21, 2008

Jornal da Madeira


Musas e poetas inspiraram criação
O Dia Antes da Eternidade” é como se chama o livro de poesia da autoria de Joana Aguiar.
Em declarações ao JM, a autora explicou que o livro está dividido por três partes, sendo que a primeira dedicada é à inspiração. Joana Aguiar diz que, nesta parte, dedica poemas a nove musas que considera serem inspiradoras durante o acto de criação.
Já na segunda parte, a autora faz referência ao próprio criador, onde tenta definir a concepção da palavra “criador”. É também aqui que faz uma homenagem aos poetas madeirenses que diz apreciar e são eles Herberto Hélder, José Agostinho Baptista e José Viale Moutinho.
A terceira e última parte do livro diz respeito ao processo de escrita, processo este que Joana Aguiar diz ser de «sofrimento» devido à dificuldade que existe «quando não conseguimos concretizar em palavras aquilo que temos em mente. Este pode ser um processo demorado, de júbilo, de exaltação, como também de sofrimento», revela a autora.
Quanto ao porquê do título “O Dia Antes da Eternidade”, Joana Aguiar explica que deve-se ao facto de «em tudo aquilo que fazemos, e é não só na escrita, pretendemos deixar marcas, que se prolonguem para além de nós, para a eternidade».
A razão de ter optado por escrever poesia é justificada pela autora como sendo a forma mais expressiva da escrita. «Apesar da poesia ser mais frugal e menos extensa, permite dar mais expressividade a determinadas frases e expressões».
Joana Aguiar tem 18 anos e terminou recentemente o Ensino Secundário. Pretende ingressar no próximo ano lectivo no Ensino Superior no curso de Medicina. “O Dia Antes da Eternidade” tem perto de 100 páginas e a sua edição está a cargo da Editora O Liberal.
A apresentação desta obra acontecerá hoje, pelas 18 horas, no átrio do Teatro Municipal Baltazar Dias.

Lúcia Mendonça

Tudo m'acontece!

Saiu-me, num concurso nacional da CGD, um voucher de 2.000 euros para gozar férias algures.
E agora, como descalçar esta bota?
Estava eu tão sossegadinho no meu eremitério... bem dispensava esta dor de cabeça!
Haverá lugares, nos aviões, a nosso lado, para os cães?
Ponho-lhes uns óculos escuros, uma máquina digital a tiracolo, dou um sedativo ao Joyce para não ladrar à hospedeira, rogo ao Argos para não "alçar" nas pernas de nenhuma norueguesa, e pode ser que nos confundam com genuínos turistas das Terras Altas...
Hum!!!

Boa Sorte, JA!

Voo da Joana Aguiar, hoje, às 18H00...

(foto... não sei de quem!)


domingo, julho 20, 2008

polisgrafias


Sernancelhe, Terra de Cultura (III)

clique nas imagens, pf.



Sernancelhe, Terra de Cultura (II)

Pátio de Aquilino - Carregal - Casa Paroquial
Patim de acesso à casa onde nasceu Aquilino.
Os actuais proprietários, dona Fernanda (cheia de estórias para contar) e sr. José Castelo.
O pórtico do pátio.
A Igreja à ilharga, com o cipreste, que em noites de bréu amedrontava fantasmagoricamente o jovem Aquilino, como nos conta em Cinco Réis de Gente (1948).





sábado, julho 19, 2008

A casa onde nasceu Aquilino

A mãe de Aquilino, Mariana do Rosário Gomes*, o pai, Joaquim Francisco Ribeiro, a irmã, Maria do Rosário, e o irmão, Melchior.
* A neta de Aquilino, filha do engº Aquilino Ribeiro Machado e de N. de Oliveira, chama-se, também Mariana (de Oliveira Ribeiro Machado), nascida em 1962, para quem o avô escreveu O Livro de Marianinha, publicado postumamente em 1967, como aliás já houvera escrito O Romance da Raposa, 1924, para seu filho Aníbal e Arca de Noé, III classe, 1935, para seu filho Aquilino. Foi a única neta que Aquilino conheceu. O juíz conselheiro Aníbal morre sem filhos, tendo contraído matrimónio em leito de morte com uma médica de nome Josefa Campos, hoje muito alquebrada "curadora" da Fundação Aquilino Ribeiro, em Soutosa, concelho de Moimenta da Beira, onde o autor destas linhas e o dr. José Agostinho, actual autarca local, muito penaram (mas isto é outra estória!)...
O engº Aquilino e N. de Oliveira, além de Mariana, têm ainda Mónica e Aquilino.
E estas são as incursões do Mestre do Carregal na literatura infanto-juvenil. Para os seus filhos e neta e por amor.
Hoje visitei a casa onde nasceu Aquilino, no Carregal, concelho de Sernancelhe, a 13 de Setembro de 1885.
É propriedade particular do simpático casal, Dona Fernanda, filha de Inácio, afilhado de Aquilino, onze anos mais novo, e do sr. José Castelo. A casa fica junto à Igreja do Divino Espírito Santo.

André Cardoso, Sernancelhe.

(foto de Carlos Santiago Silva)

Sernancelhe, Terra de Cultura (I)

Numa vila diferente das outras, que aposta forte na Cultura...
O pianista e virtuoso André Cardoso, licº em Música pela Universidade de Aveiro, aluno da Haute École de Paris, executou para o Presidente da Câmara, Vice-Presidente e para este vosso criado, em exclusivo, de Charles Tournemire, Prelúdio - Poema, "Meditação sobre Deus-Pai" e de Alexander Scriabin, 3ª sonata (2º e 3º andamentos) .
Um privilégio... e um momento alto de uma tarde quente de sábado.
(fotos de Carlos Santiago Silva, Vereador do Pelouro da Cultura)