segunda-feira, dezembro 31, 2007
domingo, dezembro 30, 2007
canto paciente
1.
não vacilo
só requebro penitências
por andurriais de brejo
2.
ânimo de infante
ugalha paciência de santo
não vacilo e espero
3.
aguardarei a fio
horas meses anos
e tu virás
4.
vêm sempre
as esperadas
voltas do fado findas
5.
porque não vacilei
e sempre soube que virias
urge o dever de te ter
não vacilo
só requebro penitências
por andurriais de brejo
2.
ânimo de infante
ugalha paciência de santo
não vacilo e espero
3.
aguardarei a fio
horas meses anos
e tu virás
4.
vêm sempre
as esperadas
voltas do fado findas
5.
porque não vacilei
e sempre soube que virias
urge o dever de te ter
sábado, dezembro 29, 2007
4 dizeres limpos
1.
na manhã que o justo acolheu
a do alvedrio
nasceram no céu alvores
2.
o aparato superou a força
decaída na vontade incerta
mas a luz queimou a dúvida
3.
de tudo nada tenho agora
salvo a fonte e a erva daninha
urgia pois perder-te ainda
4.
maninha fé no crer ungida
transitório bem de aio
pecado à lâmina apartado
na manhã que o justo acolheu
a do alvedrio
nasceram no céu alvores
2.
o aparato superou a força
decaída na vontade incerta
mas a luz queimou a dúvida
3.
de tudo nada tenho agora
salvo a fonte e a erva daninha
urgia pois perder-te ainda
4.
maninha fé no crer ungida
transitório bem de aio
pecado à lâmina apartado
quinta-feira, dezembro 27, 2007
tempo & sentido - (12 nexus)
1.
quero ouvir tua voz
não tua mensagem
(darei ao som meu significado)
2.
sedento do ser
decorre o tempo
sem nele nada ocorrer
3.
dilacero o tempo
e quando não for medida
serei liberto
4.
o excesso de sentido
exorbitou-te do real
ficou um apogeu: do simulacro
5.
pelos gestos insistidos
instituimos a praxis
em que nos comemoramos
6.
sei agora
que o conhecimento de ti
me deu a magia de um poder
7.
volto sempre a ti
esvaído é na origem
que me vivifico
8.
o tempo fraco
o tempo de hoje
o tempo forte, o teu tempo
9.
ler-te é fazer-te lenda
o verbo profere-te
e eu prefiro-te
10.
és minha verdade
minha liturgia
meu mito
11.
se buscasse em ti a verdade
em vez da ilusão
cegar-me-ia na profundeza do sentido
12.
lançaste o sinal do reconhecimento
dual o símbolo
será nós?
quarta-feira, dezembro 26, 2007
saliceta
Ainda sobre a medieva ponte da Ucanha, vista sobre moinho que o Varosa tange, a uma zagalotada da Salzeda
Ruelas semideiras por onde mal se lobriga a céu aberto. Vi-as em Lisboa, junto ao Castelo de São Jorge, cercanias do palácio dos Condes de Penafiel, excelentes para a defesa, eram labirintos entretecidos no âmago da urbe.
Ruelas semideiras por onde mal se lobriga a céu aberto. Vi-as em Lisboa, junto ao Castelo de São Jorge, cercanias do palácio dos Condes de Penafiel, excelentes para a defesa, eram labirintos entretecidos no âmago da urbe.
Os patins tão típicos da casa beiroa.
O adobe empalado sobre torsa de castanho milenar.
O frontal do casario recuado e anichado no granito protector.
Os janelos eram a estica-mão do vizinho.
De cantaria mais ufana e encimada por galhardo galarim.
Janela de cor e corte mais ousado.
Fina cantaria do varandim, decerto enxertia do cercado conventual.
Degrau em granito esmerilado a confronto com a rocha tosca e ruda da pareda quase meeira.
Homem de braço encruzado a duas mãos à parede s'ampara.
Esventrado núcleo da verça, à matriz das sepulcrais antas pré-históricas.
Notícia
No concelho de Tarouca há uma freguesia, a Salzeda, conhecida pelo seu convento esteiado pela Ordem de Cister (fundada em 1098 por Robert de Molesme) segundo a regra beneditina (São Bento, pax, ora, labora).
Há notícia escrita remontando ao século X de que aquelas terras seriam de Dona Tareja Afonso, filha do Conde Dom Afonso das Astúrias, mulher de Dom Egas Moniz, que as doou à Ordem.
Terras lavadas pelos rios Varosa e Torno, a Salzedas deve seu nome a Salicetas, por razão dos muitos salgueiros aí existentes.
Não está longe de São João de Tarouca (onde achou sepulcro o rico e letrado Dom Pedro, Conde de Barcelos, bastardo de Dom Diniz) e da Ucanha, terra que viu nascer o professor José Leite de Vasconcellos, emérito historiador e etnólogo. Entre ambas passa-se ao redor das Caves do notável espumante da Murganheira.
Por este intróito também saio do texto, pois apenas vos quero deixar as imagens que colhi dos restos da aldeia medieval que faceia o convento, num emaranhado de ruelas esconsas com arruinado casario em granito e/ou adobe, essa massa de barro cozida com palha e sustentada ou não por madeirame ripado, com janelos estreitíssimos ou varandas de fina cantaria a dizer abastanças de outrora. Bom passeio!
terça-feira, dezembro 25, 2007
segunda-feira, dezembro 24, 2007
tempus fugit
Cada vez mais me demoro
nos nadas com que encho o dia.
Cada vez mais me convenço
que perder tempo é porfia
e ganhá-lo vã mania...