domingo, março 30, 2008

'P. day' com acintosa desistência...

Hoje foi dia de passeio Porsche. Porém... o tio paulo, no Museu do Pão, em Seia, mal cheirou a comidinha e lobrigou os queijos, os enchidos e os assados... ia desmaiando de "agonia". E ainda acorreu célere ao bar a tomar um pseudo-milagreiro chá de cidreira (receita de uma cuidosa amiga), mas nem tal lhe valeu...
Desistiu logo ali, à vista e odor das vitualhas, e com um palor de monja ciliciada, rumou sozinho, no meio de alarves vaias, a ruminar vergonhas, ao porto seguro do lar e ao arrozinho cozido com perna pelada de galinha pedrês...
Este estatuto de "clássico" começa a ser assaz problemático!
(Ó Zézinha arranja-me uma mezinha!)



sábado, março 29, 2008

Santo Tirso






Hoje, em Santo Tirso, mesmo sobre o Rio Ave, num apartamento tão moderno que até tem os "bonecros" do tio Paulo no soalho (cá em casa põem-se na parede!), um bom almocinho com os "miúdos"...

sexta-feira, março 28, 2008

a +...


quarta-feira, março 26, 2008

centripetação

só assim um tardio palpebrar...

terça-feira, março 25, 2008

ATENÇÃO!


Um dos maiores poetas do panorama literário português contemporâneo, Manuel Gusmão, acaba de lançar um novo título no mercado.

Muito parco em publicações, avaro mesmo, este douto professor da FLUL é um dos mais renomados especialistas pongianos (Francis Ponge), sobre quem escreveu a sua tese de doutoramento, em francês, com aproximadamente 1000 páginas (infelizmente não está publicada, mas justifica um dia inteiro a ela agarrado, na biblioteca da referida faculdade).

A Terceira Mão, com a constância da Caminho, sucede-se a Dois Sóis A Rosa/ a arquitectura do mundo, 1990; Mapas/ O Assombro A Sombra, 1996; Teatros do Tempo, 2001; Os Dias Levantados (libreto para a ópera de A. Pinho Vargas), 2002; migrações de fogo, 2005.

Tem ainda publicadas traduções de Caldéron de la Barca e do críptico Francis Ponge e ainda estudos vários, dos quais destaco O Poema Impossível: O "Fausto" de Pessoa, 1986.

Manuel Gusmão foi o meu orientador de mestrado e a ele dediquei a dissertação de tese titulada Guillevic - A Poética do Instante, Flul, 2001.

Em simultâneo saiu, da Caminho também, uma mais que justa homenagem: Poesia e Arte, A Arte da Poesia, Homenagem a Manuel Gusmão, organização de Helena C. Buescu e Kelly B. Basílio (minha arguente), com uma tabula congratulatoria de mais de 120 personalidades literárias, e artigos que vão desde Urbano Tavares Rodrigues, Vasco Graça Moura, Maria Velho da Costa, Gastão Cruz, Vítor Aguiar e Silva, Maria Filomena Molder (minha fada madrinha), até Miguel Tamen, et all...

relax...

... com o último livro de Pamuk, A Neve (editorial Presença), a história do poeta Ka de retorno à Turquia natal, e a novidade de Agustina (extraordinária Senhora!), Camilo, Génio e Figura (casa das letras), que acrescenta a vantagem de publicar uma lista com a bibliografia activa da autora, com, espantem-se, nada menos que 93 títulos!
A 1ª a ver o prelo, a novela, Mundo Fechado, data de 1948, o que transpõe a fasquia de um título/ano...
Há Mulheres assim!
Juntam-se Galimathias Musicum, K32, Divertimento, K131, Cassação, K99 e Sonatas várias, de Mozart e... o frio quedou-se lá fora.
ps:
e eu todo vaidoso das sessenta e tal obras que detenho da AB-L... ainda tenho muito que dar-lhe!

puer


segunda-feira, março 24, 2008

cromiapatia acústica


i.
indiferente como _______

(um fingimento).



ii.
osso agudo nas entranhas

a esporear pulsão.



iii.
só rebate

no sino de bronze.



iv.
impávido e tremente

? _____________ .



v.
d'ondas propagadas

a ti tão infinita.

memória de papel

Presente de hoje, trazido em mãos por minha mãe...
... foto tirada aos 5 anos ...
... catita o sobretudo em pêlo de camelo e as calças iguais ao papillon e ao bonet ...
(e que grande par de "abanos"!)



domingo, março 23, 2008

cromiatopia


isocromias




sábado, março 22, 2008

A metáfora da jante de liga leve...

O Carolina Michaëlis, que já teve o belo nome de liceu, não serve os miúdos do bairro do Aleixo, no Porto. Não, aquele vídeo não mostra gente com desculpas fáceis, vindas do piorio. Pela localização daquela escola, quem para lá vai vive às voltas da Boavista e os pais têm jantes de liga leve sem precisar de as gamar. Os pais da miúda histérica que agride a professora de francês estarão nessa média. Os pais do miúdo besta que filma a cena, também. Tudo isso nos remete para a questão tão badalada das avaliações. Claro que não me permito avaliar a citada professora. A essa senhora só posso agradecer a coragem. E pedir-lhe perdão por a mandar para os cornos desses pequenos cobardolas sem lhe dar as condições de preencher a sua nobre profissão. Já avaliar os referidos pais, posso: pelo visto, e apesar das jantes de liga leve, valem pouco. O vídeo mostrou-o. É que se ele foi filmado numa sala de aula, o que mostrou foi a sala de jantar daqueles miúdos.
Com a devida vénia, transcrito do DN - 21/03 - Ferreira Fernandes.
Sou professor há três décadas. Já leccionei no ciclo, no secundário e no superior. Trabalhei com milhares de alunos. Tenho gratíssimas recordações de muitos. Recordo o nome de todos os meus professores, e a maioria com um carinho mais ou menos especial. Admiro profundamente os meus pais. Nunca se me deparou uma situação idêntica à epigrafada. Sou um professor com sorte?
Não consigo, por mais que me esforce, ver-me na situação da docente de francês filmada pelo jovem eisenstein, que para culminar a humilhação e o gozo dado à "velha", pôs a correr a peça no youtube, acabando assim por prestar um serviço público notável.
Aqueles adolescentes, talvez rebentos de uma abastada burguesia portuense (cidade que eu mais que todas admiro), serão pais dentro de meia dúzia de anos, serão quadros médios ou superiores de empresas, da administração pública, educadores, o futuro, pois...
No efeito da bola de neve, temos vindo a assistir a uma crescente perda de todos os tipos de valores e a um crescente desprestígio da autoridade, quer familiar, quer escolar, quer judicial, quer...
Os pedo-qualquer-coisa-psiquiatras acham que o telemóvel é a extensão do corpo da teenager agressora. Também a chiclet o deve ser. Também o bonet na cabeça o deve ser. Também a histeria o deve ser. Também a violência o deve ser, a tal extensão...
Ou então, talvez já tenham nascido a mascar xuinga, a digitar sms's, de cocoruto abrigado, ao sopapo na placenta. Talvez.
E talvez nenhum "pai" lhes tenha dito que não se fala com aquela merda na boca, que o respeito manda tirar o chapéu, em casa, na escola, na igreja, perante os mais velhos, que o telemóvel-extensão-de-corpo-de-teenager tem funções especifícas, para momentos concretos...
Se calhar, estes adolescentes não têm pais. Se calhar, nasceram de geração espontânea. Se calhar, estes adolescentes, são os futuros cadastrados de amanhã. Se calhar, as sociedades não afectivas são geradoras de todas as violências. Se calhar, esta professora vítima destes energúmenos, terá, a partir de hoje, vergonha de sair à rua e de olhar os próprios filhos nos olhos. Se calhar, a "ultrajada" adolescente, é a heroína da escola, do quarteirão, da claque. Se calhar, os pais desta adolescente (se os tiver) comprar-lhe-ão um 3G de última geração. Se calhar, a Escola abrirá um daqueles inquéritos ou processo de averiguações com resultados análogos aos da Casa Pia. Se calhar, o Estado, o Governo, a Tutela, a Ministra da Educação, com a postura da ridicularização dos "professoreszecos", com o novo Estatuto do Aluno, municiaram estes vândalos, em roda livre, com a mais letal das armas... Para os outros, e a breve trecho, para eles próprios, para os próprios filhos e para a sociedade em geral.
Parabéns, pá!

opaco

apostrofado enleio
rosto de mar lido
vaga invectiva
vento coado
inútil
sal
.

o 3º dia

1º dia.
excruciante instante aquele só
da urgência retecido em que o som
a apoteose sibilou nas oliveiras
nuas em hortos da geada tão crestadas.
2º dia.
súbito fogo estourou em tal girândola
cerradora de olhares rompidos
e as aves revoaram num fragor
só de cegueira atormentado.
3º dia.
o sol de março e ânimo
de agosto e luz assim possível
suscitou enfim a palavra inusitada
na selada boca de dizer profano.

terça-feira, março 18, 2008

lua
sol


Mariana despede-se de Noël Bouton, na Casa do Capítulo, no Mosteiro da Conceição de Beja, junto à janela de rótulas, em arco ogivo, com poiais...

(...)
porque me estendes tuas mãos tão perto,
contra teu uso? Mas se as abres, sobra
ver quanta cousa leda então lá quadre.

Petrarca, Rimas.


segunda-feira, março 17, 2008


l'ombre de mon ombre
l'ombre de mon chien

domingo, março 16, 2008

le dimanche soudain se finit

(...)
Sem escudo, sem cota, sem laudel.
Minha triste nudez arrecolhida
Numa samarra triste de burel.
(...)

G. Junqueiro, Pátria, Lello & Irmãos, 7ª ed., 1950.

6.12


6.06


6.01


5.49 - variações nocturnas I




quinta-feira, março 13, 2008

rostos idos


terça-feira, março 11, 2008

o regresso a ítaca


domingo, março 09, 2008

semana & suma

2ª feira
a busca
procurar aquém do raio
rodando sobre ponto fixo
a pessoa
encontrando-a (ou julgando ser ela a encontrada)
sorver o díspare
pelas frestas refluído
e após colidir com a inexistência
(há sempre esperança do não prefixo)
desorientar conforme à irritação/gáudio
ou breve redundante frustração
-- espécie de ressaca adrede em cépticos, possivelmente, mutados.
3ª feira
a busca
recomeçada até quase ou pré
encontro
de semelhável solidão
mais semelhante afinidade
expresso em fadado corpo
dotado de falar d'entraves ido.
4ª feira
a busca
com dois raios se alinha um diâmetro
no círculo assim crido perfeito
se delimita espaçada breve perdição
por instantes ilusão
depois
permanência do olhar inquieto
recerrado negro
espécie de agressão.
5ª feira
busca
da falta
perda em dorso ou anca de afrodite
agora ao giravoltar do raio
(demos as mãos)
afundemos dextro pé
no saibro húmido
assim (na cadência análoga ao uníssono?!)
avancem os corpos até além da linha
para voltar
em silêncio boquejado
rouqueja a telefonia la vie en rose
estocada a xénon
na pele do banco morno.
6ª feira
busca chegar
ou basta chegar
porque chegar não busca
e raro basta
um saber incerto
se é ali o ponto
no centro do círculo
génese do raio
sumido no diâmetro
varrido espaço
a compasso limpo.
sábado
busca
o ponto da noite
sem retorno à cerração
um flutuar
ausente da deriva
porque te procuro.
domingo
busca
a volta dada
ao visto sítio do baço vulto
em vão tão varejado.

suma
a terra
toda ela acolhe
e o corpo
já descido
ao grão se torna.

(cessada busca).

sexta-feira, março 07, 2008


quinta-feira, março 06, 2008

G. Suggia


Dentro dela a gema cresce, horrenda matriz das jóias todas que rejeitou, no terror de que a sujeitassem, numa auréola a enlouquecessem. E aqui se encolhe, contemplando as que admitiu, lapidados de múltipla transparência, que treinam os olhos para a apoteose da morte. Nos jazigos ingressa onde dormem, sinistras de azul e de verde, nelas espreitando o corrimento das águas primordiais. E ora em furnas se incrustram, ora esmaecem de letargias, informes no processo de que vão resultar. Aí é que se defende da corrosão, ancestral tição que jamais se apaga, as perspectivas separando de que outras se constituem, turquesas, esmeraldas. Num bastão de tortura as engasta, que em sua angústia empunha, consentindo que nas lajes se despenhe, enfim, em carbúnculos esmagados. E as entranhas lhe rasgam de suas arestas, pois nelas reside, por agora, na dança em que tudo o seu núcleo tende.
Mário Cláudio, Guilhermina, INCM, 1986.
esquissos
para
guilhermina



pastiche de um certo modigliani
ou ophelia em busca de nenúfares

terça-feira, março 04, 2008

sem que no veio
o sangue quase bula
me quêdo só inerte
nota:
iners
incapaz de ars
esta é a árvore -- mo sussurram -- que eu plantei junto à casa de pedra, com o teu nome.

que erecta se erga e vertical resista e sombra seja dos que nela se acoitarem -- em suspiro desejo.
foto de luísa p.

segunda-feira, março 03, 2008


domingo, março 02, 2008

Aveiro, Cais dos Botirões

desenhos velhos VIII