segunda-feira, junho 29, 2009
domingo, junho 28, 2009
sábado, junho 27, 2009
sexta-feira, junho 26, 2009
Soutosa
Um dia, com vagar, e sem querer ferir susceptibilidades (ou ferindo-as, porque não?), falaremos do surgimento desta Fundação e daquilo que tem feito (ou não), em prol da memória do Escritor. Para já, a hera do tempo enliça-se no vetusto granito, não para o sustentar, mas para o arruinar. E pelas veredas da quinta, outrora amorosamente trilhadas por Aquilino e família, a erva bravia de tudo se apossa... uma desolação!
quinta-feira, junho 25, 2009
quarta-feira, junho 24, 2009
terça-feira, junho 23, 2009
segunda-feira, junho 22, 2009
domingo, junho 21, 2009
Xico's day
meta morfos
Ausento-me do movimento e só o pensamento percorre correndo os espaços perdidos no tempo ido. Na légua do meu redor tudo se transfigura. Esboroam-se as casas, tábua a telha. As pessoas conformam-se à velhice, sob rugas e maleitas escondidas. Dobra a finados, num som que já só quase eu ouço, o do sino-sinal também de festa, fogo, morte, júbilo, ressurreição, na torre solitária e parda da igreja antiga, quase ao alcance da mão direita, no velho quarto da velha casa, a poente volvido, onde imóvel morre olhar e fala, enquanto a noite vai caindo.
sábado, junho 20, 2009
sexta-feira, junho 19, 2009
flash-back
Sem mais, hoje, neste tempo inútil e aos poucos resgatado do outro tempo, de tudo apartado, imprimiu-se-me, nítido como a mão que escreve a palavra que nasce, teu corpo tisnado...
Escondes o rosto por ser espelho e ondeias as linhas da tentação. As pernas longas, finas, morenas, os pequenos pés, as coxas estreitas e o ventre liso sombreado pela escura penugem que brota da pube farta. Os seios breves e sempre hirtos, o pescoço grácil, a boca, de tão desenhada, rubra, quase irreal de desejada.
Assim prostrada...
Escorro-te a seda clara do lençol no corpo aciganado. E porque sei da tua exaltação, roçago-te suave e premente o fogo inicial, reavivado ao sopro das requebradas horas, as em que o tempo se despede do movimento e tarda em não partir.
É o estremeção que tacteio, o prazer escorrido que sinto, o teu cheiro intenso que aspiro.
E recorro a escorrer-te a seda do lençol no tisne corpo, como se os dia perdessem o veneno do tempo, a sordidez da passagem, e se ancorassem, firmes, em ti que a seda tanto exalta, tal maré na areia, dada ao muito mar por tempo breve.
quinta-feira, junho 18, 2009
os mortos de maio
I.
Confiam os mortos nos vivos nunca mais vis
E quando partem em Maio enfurece-se a terra
Silvanas e sereias sandias dessedentam-se
No enxofre das fendas e dos sargaços ávidas.
II.
Confiam os mortos que os vivos morrerão
E que antes disso, por breve tempo
Serão sua memória e talvez prece
Muitas vezes loa ao invés de contrição
Uma colcha de fausto velho, jarra de clara porcelana
Gladíolos ansiosos na agonia precoce
E repulsiva do cheiro acre já jacente.
III.
Confiam os mortos na extinta vida maldição lavrada
Praga rogada castigo por cumprir
E que a morte é recompensa.
Sono sem pesadelos ou mau dormir.
IV.
Perdido o ser o morto coa o tempo último
O do esquecimento.
V.
Confiam os mortos na sua mercê
E na cinza negra antes do fogo a esgaçar.
VI.
Os vivos nunca mais vis
Só num sopro quase fresco
Sussurrarão queimado adeus
Aos que imóveis e frios alijaram o ardor
Já só odres da mais fétida podridão.
VII.
Confiam os mortos de Maio nos vivos nunca mais vis
Agora que já o tempo foi enfim perdido.
Confiam os mortos nos vivos nunca mais vis
E quando partem em Maio enfurece-se a terra
Silvanas e sereias sandias dessedentam-se
No enxofre das fendas e dos sargaços ávidas.
II.
Confiam os mortos que os vivos morrerão
E que antes disso, por breve tempo
Serão sua memória e talvez prece
Muitas vezes loa ao invés de contrição
Uma colcha de fausto velho, jarra de clara porcelana
Gladíolos ansiosos na agonia precoce
E repulsiva do cheiro acre já jacente.
III.
Confiam os mortos na extinta vida maldição lavrada
Praga rogada castigo por cumprir
E que a morte é recompensa.
Sono sem pesadelos ou mau dormir.
IV.
Perdido o ser o morto coa o tempo último
O do esquecimento.
V.
Confiam os mortos na sua mercê
E na cinza negra antes do fogo a esgaçar.
VI.
Os vivos nunca mais vis
Só num sopro quase fresco
Sussurrarão queimado adeus
Aos que imóveis e frios alijaram o ardor
Já só odres da mais fétida podridão.
VII.
Confiam os mortos de Maio nos vivos nunca mais vis
Agora que já o tempo foi enfim perdido.