quinta-feira, dezembro 31, 2009

kronos


a cor ida

a cinza
a pele cedida
a marcada ruga
vincos
na roupa usada
antes
gaia sinfonia
agora
áspero pó coado
o tempo
assim lavrado
iníqua
atrida
havida
agonia

Na indiferença de um crepúsculo, uma melancolia morta.
O Comendador Montenegro & Madama, a sairem do spa Montvelô onde foram hidratomassajar-se/restaurar-se para o très chic réveillon no Tiger's Club Viseense, passaram a deixar cartão e a desejar 365 Bons Dias a todos os brevitianos.

quarta-feira, dezembro 30, 2009

assimetria

Oblíquo dizer que não encaixa em teu linear ouvir.
Tu és a norma, eu sou a transgressão.
A hóstia da comunhão afunda-se no cálice,
Ou cai das mãos estendidas, áticas e demoníacas.

segunda-feira, dezembro 28, 2009

suydade » saudade

"E porêm me parece este nome suydade tam proprio, que o latim, nem outro linguagem que eu saiba, nom he pera tal sentido semelhante (...) Suydade propriamente he sentido que o coraçom filha por se achar partido da presença de alguma pessoa ou pessoas que muito por affeiçom ama, ou o espera cedo de ser; e esso medes dos tempos e lugares em que por deleitaçam muito folgou; digo afeiçom e deleitaçom, porque som sentimentos que ao coraçom pertencem, donde verdadeiramente nace a suydade, mais que da razom nem do siso."
D. Duarte, Leal Conselheiro
"He a saudade huma mimosa paixão da alma, e por isso tão sutil, que equivocadamente se experimenta, deixando-nos indistincta a dôr da satisfação. He hum mal de que se gosta, e hum bem que se padece..."
D. Francisco Manuel , Epan.
"Nuvens negras, obscuras, caliginosas..."
Pe. A. Vieira

domingo, dezembro 27, 2009

tão permanente quanto esquecida verdade

"Se os principes tomarem por violencia o que se lhes não deve, é rapina e latrocinio. Donde se segue que estão obrigados á restituição como os ladrões; e que peccão tanto mais gravemente que os mesmos ladrões, quanto é mais perigoso, e mais commum o damno com que offendem a justiça publica de que estão postos por defensores."

S. Tomás, trad. do P. Ant. Vieira

oficina


sábado, dezembro 26, 2009

Ecce Homo

É um vício puro, exorável, uma prece. Juramento ou esconjuro, aquele exórdio. Uma consolação elevada, mas incerta. Modo de flutuar, ou ser, constante. A palavra ritual tomada da fonte onde se erguia antes do zelo ser ciúme. Ouço-A sempre. Litania ou súplica. Hoje, indeciso, sei. Como uma penetração na terra quente, sem olhos, uma vertigem, destino a dedo dito. Creio, e é dúvida que me assiste, receio, hesitação, nunca a estatura, à semelhança de teu corpo, ser igual. Assimetria que uniu até romper. Aí, o som foi murmúrio e o metro distância, ferida, fenda, de chaga que não fechou. Cal viva. Salário de teu corpo ou sal. Às penas dado ácido. Volvem Invernos sobre este vício. Puro. Limpo pelo suão e chuvas. Tão gabada no sumo da prece. Som emitido em canto por toda ti. A modo de trigo na eira onde o musgo foge à coita de um palhal sombrio. O odor da água dada em rêgo à terra. És tu vinda num só sentido, pois já tacto há muito a ânsia tornou sangue. Ou extracção na pele toada. Incumpri a via assim aberta. Nem logrei teu vasto alcance. Um infinito é também deserto onde a ofensa é grão vermelho. Ou ponta de látego vibrante no oaristo da miragem. Depois, nem moral consumida. Alheio a tudo, até a ti, de um passo abri abismo e esquartejei-nos sobre o eixo dos ventos. Uma ara de luz varrida a bafo quente. Endemoninhado sopro centrifugado. Nem sei sequer se foste ausente desse turbilhão. Só serena nessa indecisão. Um ferro na pele por olhar. Sempre cicuta. Tanto te quis furar os olhos para te ver… Às vezes raiva, outras um balbucio de só sílaba constante. Mas a luz… esse luar, tal brilho me tolheu. Olhei-te dias a fio na atalaia do devir (e das auroras). Peso insuportado com o pensamento que arrastei. Eis o Homem, assim nu ou desvendado à lívida expiação. E não foi traição, culpa de acusação ou modo de ser cobarde. Foi falta. O intento negou corpo e padeceu na mudez o sortilégio de uma apatia pelo norte assoprada. Perdi a palavra. Deixei-a queda na boca do medo. Foi erro. Foi silêncio e foi fim.

sexta-feira, dezembro 25, 2009




quinta-feira, dezembro 24, 2009

Argos


Consoada




terça-feira, dezembro 22, 2009

BOAS FESTAS...

...com pão da Lapa e fálgaros da Tabosa.

CONVITE


(clique)

sábado, dezembro 19, 2009

O granito...

...das Terras Altas não é "pau nem pedra" como na modinha "di lá", mas é bastião da memória, antologia de estórias idas e gentes perdidas, muro de amparo, escada de acesso, coluna de prosa, pórtico de entrada, silha de esteio, anjo a sorrir, tapete musgado, fresco de silva, poiso de pé, escora de torsa, lusa calçada, patim de pórtico, janela de ver, chão de pisar, tecto de cobrir, eira de malhar, anjo a sorrir, glória epigrafada, vaidade alada, armas de armar e até coroa... de altivas cabeças caídas.

sexta-feira, dezembro 18, 2009

silhouette


quarta-feira, dezembro 16, 2009

ce beau flou


terça-feira, dezembro 15, 2009

Hoje, agradável visita...

do meu dilecto Amigo, Tenente-Coronel Pedro Osório Bandeira Calheiros, todo prosa, nas suas "botas de montar novas", a desafiar para uma tirada equestre. Fiquei invejoso... das botas... é que as minhas também são de montar, mas "velhas"!

Mariana do Rosário Gomes...

... a mãe de Aquilino Gomes Ribeiro, verdadeira Matriz do Escritor, na mais ampla acepção da palavra.
Até na configuração da estrutura facial...

segunda-feira, dezembro 14, 2009



sexta-feira, dezembro 11, 2009


quinta-feira, dezembro 10, 2009


quarta-feira, dezembro 09, 2009

O almocreve?






terça-feira, dezembro 08, 2009

As nossas aldeias - A de Barros

(clique nas imagens)





A de Barros

Hoje à tarde, em A de Barros, concelho de Moimenta da Beira, junto ao Solar dos Noronhas.





domingo, dezembro 06, 2009

De alfa a ómega...

... acabo de recuperar este belíssimo Ómega de finais dos anos 20. A despeito dos seus 81 anos funciona com um vigor de adolescente. Não atrasa nem adianta um segundo! Tem uma especificidade: foi montado em Portugal, com continente em ouro lusitano, mais valioso que o suiço. Era prática comum para clientes mais rigorosos e informados. Assim, o relojoeiro mandava vir a máquina e fazia a caixa a gosto/encomenda do requerente. Só havia uma exigência da fábrica: por baixo das 6 horas não poderia ser escrito: " Swiss made ", que o mesmo é dizer (com vantagem) " Portugal made "!


Estas deliciosas sessões...


Tenho muita admiração pela obra de António Lobo Antunes. Que possuo desde os primiciais títulos “Memórias de Elefante” e “Cus de Judas", datados de 1979.
Trinta anos volvidos sobre o surgimento do 1º título, fui convidado pela Livraria Pretexto / Hotel Montebelo para a apresentação de “Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra No Mar?”, que decorreu ontem do outro lado da rua onde resido.
Não sou muito dado a apresentações. Mas como gostaria de fazer algumas fotografias do Escritor e queria confrontá-lo com uma leitura muito pessoal que fiz deste título, lá me decidi.
Uma noite fria e chuvosa. O Hotel, lá dentro, tipo estufa tropical, aspergia doses estonteantes de calor artificial para cima das pessoas. Como sou um ‘esquentorado’ por natureza, e apesar de já estar em camisa, último véu da nudez, comecei a dar-me mal com aquele suplício de Purgatório lento ou cozedura ‘au ralenti’.
Ademais, marcada a sessão para as 21H30, às 22H00 ainda não começara, vendo-se o escritor, na sala ao lado, a jantar no parnasiano remanso a que tem direito.
Como nós, o público, temos direito a mais respeito, consideração e rigor horário.
Há muito que perdi a paciência para esperar seja por quem for.
E o direito ao desrespeito de uns é directamente proporcional ao direito à minha intolerância.
Fiz o que estava ao meu alcance.
Vim embora.
Para minha pena, mas por minha coerência.
Porém, deixo aqui, no próximo post, o meu enfoque, que creio pioneiro/original (presunção à parte) da leitura desta obra… à Vossa consideração e ao muito respeito que me merecem, pessoas que eu não conheço, mas que só por virem ao ‘brevitas’ são merecedores de toda a minha atenção e porfiado esforço.

Para um começo de leitura do último livro de A. Lobo Antunes.



Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra No Mar?

Boa pergunta, embora a posteriori saibamos ser verso de toadilha de infância.

O título do último livro de António Lobo Antunes.
Os cavalos, a sombra e o mar.
Uma família ribatejana.
A mãe que aguarda a morte à hora marcada, um pai finado, marialva também dado ao jogo e os filhos: 3 raparigas e outros tantos rapazes.
Todos com sua cruz.
Ana é toxicodependente.
Rita que um cancro matou.
Beatriz que os homens deixam para trás.
João é pederasta.
Francisco consome-se em ódio.
O bastardo que é invisível.

Mas… o que me ocorreu de imediato foi a isotopia da morte.
Não inúsita, em LA.
Pelo contrário, desde sempre de atalaia.
E o desde sempre remete para há 30 anos, aquando da saída de “Memória de Elefante” e “Os cus de Judas”.
Mas aqui, a morte mistura-se com a “Fiesta”.
E esta lembra E. Hemingway, aquele que não exorcisou a morte, embora a tentasse desalmadamente.
E onde está a “fiesta”?
Na organização do romance.
Senão vejamos:

Um curto capítulo introdutório:

- antes da corrida.

Quatro capítulos em sequência:

-
tércio de capote.
- tércio de varas.
- tércio de bandarilhas.
- a faena
.

Todos eles se dividindo em quatro subcapítulos, assim como o antepenúltimo:

- a sorte suprema.

Fecha como abre, com um curto capítulo de conclusão:

- depois da corrida.

Assim, entre um antes e um depois, desenrola-se a lide espanhola.

E chegando a Espanha, chegamos a Frederico Garcia Lorca.
E a um dos meus títulos preferidos:

Llanto por Ignacio Sanchez Mejia


Que se divide assim:

La cogida y la muerte.
La sangre derramada.
Cuerpo presente.
Alma ausente.

Estes quatro momentos fundem-se no verso:

“Estamos com un cuerpo presente que se esfuma…”

Ainda assim, no momento 1, lemos:

“lo demás era muerte y solo muerte”


No momento 2, lemos:

“la luna de par en par.
Caballo de nubes quietas…”


No momento 3, lemos:

“Yo quiero ver aqui los hombres de voz dura.
Los que que doman caballos y dominam los rios…”


No momento 4, lemos:

“No te conoce el toro ni la figura,
Ni caballos ni hormigas de tua casa.”


E, perante tanta recorrência, da morte, dos cavalos, dos rios, e da (tua) casa, temos enunciado o microcosmos da diegese deste romance de LA.
Ou então, neste imenso mosaico de Kristeva, onde todos os textos se interpelam, a intertextualidade coincidiu com rigor.

Este seria o primeiro passo, passo pioneiro no enfoque, para ler esta obra.
Sempre, um ponto de partida.
Ou mais um ponto de partida, de entre as infindáveis visões dos plurais leitores.
Aqui vo-lo deixo.
Nesta teia há sempre, pelo menos, duas pontas.
Enrolai esta no indicador direito e ide à cata de mais pontas.
Caminhai...
ler em http://ala.nletras.com

Aquele calor da pele...




Este Dezembro à chuva...




sábado, dezembro 05, 2009

O Joyce...

...é que tem "juizinho" *. Enoveladinho, num sofá cómodo, que o tempo não está para flostrias.
* parafrasendo o nosso 1º, na AR.

quinta-feira, dezembro 03, 2009

crayon

UM

DOIS

TRÊS
QUATRO riscos quebrados na folha de teu rosto



quarta-feira, dezembro 02, 2009

O Francisco...

... do alto do seu ano e meio, começa a descobrir o mundo, com célere curiosidade: comer sozinho, correr, 'falar',
'ler' os bonecros
'escrever' garatujas e...
... intrigar-se com o seu pc.
E faz tudo com um ar feliz, como deviam ter, em toda a parte, todos os meninos de um ano e meio!

























"Barrelas de um sino"




A Igreja Matriz de Vila Nova de Paiva. Ilustração de Bernardo Marques para a 1ª edição autónoma de "O Malhadinhas", 10 de Janeiro de 1948. em papel especial, numerada e assinada.Apareceu originariamente, como novela, incluida na 1ª ed. de "Estrada de Santiago", 1922, e reaparece depois em 1958, nas obras completas da Bertrand, com "Mina de Diamantes".