sexta-feira, janeiro 30, 2009

(clique)

quarta-feira, janeiro 28, 2009


"cão como nós"


sr. risquinha e dona pecada


terça-feira, janeiro 27, 2009

Sísifo


papéis velhos

(clique)

domingo, janeiro 25, 2009

' lacero '

na lazeira, de corpo penhorado,
valida foi d'ócio tal,
que ao pesar, d'empeço se quedou

grafiti


sábado, janeiro 24, 2009

genitor

e se ao teu corpo pudesse eu dar rosto?


spleen


Uma noite assim...

Há noites assim. O tempo arrasta-se aos baldões corrido nos uivos de um vento irado, que açoita com fragor as paredes da casa e faz das persianas consertinas de um trio triste e das trevas, miasmas dolorosos.
A chuva, essa, ora é contrabaixo grave, ora rufar de um tambor demente, incansável, enquanto o bramir medonho do vendaval rasga a escuridão num de profundis brotado de gargantas ásperas das lacrimosas vozes emergentes da terra madre.
O cedro, em frente ao studio das três janelas corridas, esquece sua íntegra compostura, perde sua tufada elegância e possesso executa um bailado demencial de contorsões, espasmos, aflições, num silvar de balas, num rasgar de fibras, traçando círculos de raio improvável, encrespando angustiado as raízes na terra cediça de tanta água, desferindo chicotadas nas vidraças duplas, que comprimidas de tensão, vibram e rangem nos caixilhos de metal impávido.
Lupino, o vento vai cedendo num cansaço moroso e distanciado. Abandona a casa sovada, o cedro exausto e meus nervos hirtos como ossadas descarnadas, brancas, de uma insónia tensa.
Pára, enfim, a chuva densa. Os caleiros escorrem córregos dos telhados inundados, esganados até às gotas finais. São 06H56. Uma fímbria de cinza escura, teimosa e mansa, alvora o bréu. Nas arcas do peito, a tosse de vidro quebrado, arranha-me até à garganta ferida. Os olhos, esses, persistem numa atalaia insane que a fadiga tarda a colher e cerrar.
O vento é um soluço contrito já esmaecido nos ruídos da cidade que desperta. De longe e a desoras chega, enfim, morfeu, pesaroso da boémia açodado. O ardor nos olhos rende as pálpebras num ceder inerme.
São 07h25. Os cães, fiéis a cronos, reclamam a saída. Penoso, arrasto o corpo quebrado da cama quente. É sábado. Sorvo o café que a máquina regorgita. Estremunhado, noctâmbulo, assumo minhas rotinas. Está frio. O meu jardim tem árvores arrancadas junto à terra donde espreitam tocos rasgados como puas. Os tapumes de uma obra voaram estrada afora. O meu petit bois tem baixas por todo o lado. Uma desolação, ramaria caída, pinhas a juncar o solo, pinheiros e carvalhiços cerceados rentes. Os mais novos e os mais velhos. Os mais frágeis. Uns de ainda curta, outros de já podre raíz. Da encosta, a jusante do hotel, um rasto de árvores caídas sobre os passeios. Um toldo de publicidade, teimoso, enrolado, faz clap, clap, num açoite triste ecoado nas ruas desertas. É sábado. Tenho frio, os olhos choram-me, os cabelos desgrenhados dançam no ar molhado, os cães despacham-se para o refúgio da casa quente. Sigo-os, eriçado. Hei-de dormir, no dia hipócrita, serenado pela luz...

sexta-feira, janeiro 23, 2009

derrapagem


quarta-feira, janeiro 21, 2009

decassílabo

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larva


degelo


as faisoas

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rodopio


terça-feira, janeiro 20, 2009

da minha janela...


esqueci-me da sobremesa...


... o pudim de castanhas, sendo a espécie ex-libris local...
(foto de JCosta)

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Imagens da apresentação da "aquilino" (contª)

Como não fiz fotografias do evento, publico as que, por delicadeza, me vão chegando. Desta vez, tiradas pelo dr. Jerónimo Costa. A Professora Serafina Martins, da FLUL e o Engº Aquilino Ribeiro Machado.
Da Academia de Música de Sernancelhe, os professores Horácio e Ilídio, dois virtuosos da concertina.
O almoço foi no restaurante da Sarzeda, Casa do Avô, do qual mais que uma vez vos dei notícia. A ementa foi estudada e cingiu-se ao regional: Creme de castanhas; Papas de relão com chouriça de bofes, vinha d'alhos e coiratos; Escoado - cozido beirão à base de feijão vermelho cozido com couve e alho, acompanhado de carne de porco: toucinho, focinheira, chispe, barriga, orelheira...; Pudim de castanhas.
O Chefe Pedro Loureiro, proprietário do Restaurante - casadoavo@sapo.pt - 254 594016, a merecer urgentíssima visita!







Imagens da apresentação da "aquilino"

O Sr. Engº Aquilino Ribeiro Machado esteve a autografar exemplares, pacientemente, durante mais de uma hora.
Comprovadamente satisfeito...
O Auditório Municipal encheu os seus 135 lugares e havia público, em pé, nas galerias.
pn a apresentar a Revista "aquilino", a Professora Serafina Martins, o Professor António Manuel Ferreira, o Engº Aquilino Ribeiro Machado e o Dr. José Mário Cardoso, presidente da autarquia.

(Imagens tiradas e gentilmente enviadas pelo assessor do presidente, Dr. Paulo Pinto.)





Palavras de apresentação da "aquilino"


MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES:


“Não obedeço (…) a fórmulas. Tenho por um dogma que não entram nos reinos de Minerva nem escravos, nem macaqueadores, nem plagiadores. Em arte, felizes os rebeldes, porque eles verão a luz.
Cultivemos as letras sem sujeições de nenhuma ordem (…) livres, revoltados, sem contemplações para ninguém e honradinhos.”

Aquilino Ribeiro, quando tal escreve em Abóboras no Telhado (1955), deu-nos o ideal mote para a linha mestra do que hoje Vos apresentamos.


Não é exclusivo apanágio das civilizações Ocidentais a celebração do nascimento. Um pouco por toda a parte, universalmente, e salvo raras excepções, é com júbilo que se acolhe o nascituro.
Também aqui, neste convivial e fraterno encontro, nos presentificámos para dar as boas vindas e acolher um nascimento, o da Revista Literária da Câmara Municipal de Sernancelhe, de seu exemplar nome de baptismo “aquilino”.
Este projecto, hoje concretizado, teve origem no relevo pela Autarquia concedido à Cultura, e por consequência e coerência, num convite do seu Presidente, que nos foi amavelmente endereçado e imediatamente acolhido com entusiasmo e disponibilidade.
Criar uma publicação periódica e de temática aquiliniana foi o seu objectivo primeiro.
Homenagear o escritor e seu axis mundi, o objectivo seguinte.
Estabelecer um denominador comum em torno destes vectores para centripetar vontades para o efeito, o objectivo final.

A 27 de Junho, aquando da memorável visita do Senhor Engº Aquilino Ribeiro Machado e sua ilustre Família, cimentou-se a ideia.
No decurso de Setembro e Outubro, rogou-se a colaboração àqueles que sobre a matéria têm voz.
O primeiro a dizer presente, na dinâmica de amável e finíssima sapiência a que nos habituou e lhe está inerente, foi o Senhor Engº Aquilino.
Seguiram-se-lhe o emérito escritor e docente universitário, vulto superior das Letras Portuguesas, professor Urbano Tavares Rodrigues; a reconhecida investigadora e estudiosa aquiliniana, professora Serafina Martins, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; o professor António Manuel Ferreira, coordenador do departamento de Línguas e Cultura da Universidade de Aveiro, que neste momento, lecciona aos seus discentes, “Aquilino Ribeiro”, orienta um mestrado e ainda um doutoramento sobre esta temática.
Também da Universidade de Mogi das Cruzes, em São Paulo, veio lesto o contributo do professor José Rodrigues Filho.
Pela pena do investigador dr. Fernando Paulo Baptista, chegou-nos ensaio.
De um jovem estudioso da vizinha Moimenta da Beira, dr. Jaime Gouveia, bolseiro no Instituto de Florença, a imediata anuência.
Idem do dr. Miguel Alves, director do Estabelecimento Prisional de Viseu, com quem há muito partilhamos projectos, que não espaços – Deo Gratia!
O mesmo da parte do dr. Martim de Gouveia e Sousa, director da revista de arte e crítica de Viseu, Ave Azul, com quem, também, porfiámos cumplicidades.
O dr. Jerónimo Costa, Regedor cessante da Confraria Aquiliniana, com quem colaborámos no projecto Letras Aquilinianas, enquanto vice-director da publicação, logo acedeu a estar connosco.
O co-mentor deste projecto, o vice-presidente da Autarquia e vereador do pelouro da Cultura, dr. Carlos Silva Santiago, coincidentemente oriundo do Carregal, deixou seu vívido testemunho e de seus familiares que ainda conheceram tenuemente este mais que todos dilecto filho do Concelho. Além disso, foi a ponte necessária e sempre presente para promover sinergias.
Finalmente, o dr. José Mário Cardoso – amigo pessoal de há trinta e cinco anos, que muito respeitamos e admiramos, enquanto Homem e Autarca, deixou-nos a palavra e o ânimo com o seu sempre incondicional apoio.
Os pintores viseenses, Pedro Albuquerque e Braga da Costa, como é de seu timbre – e honra por isso lhes seja sempre feita – disseram presente e com sua genialidade artística, deram brilho a estas páginas.
O dr. Paulo Pinto prontificou imagens do Concelho; o sr. Padre Amorim, Reitor do Colégio e Santuário da Lapa, cedeu a inédita fotografia da contracapa…

Durante os meses de Novembro e Dezembro compusemos o material compulsado, num labor doméstico, que não visando minimizar quaisquer falhas, apela à Vª superior generosidade e tolerância no relevar de imperfeições.
E recorra-se a Cruz Malpique, que escreve com sábio a propósito no pós-facio da obra “Aquilino, O Homem e o Escritor” (1964):
(…) “Se o leitor, argos de cem olhos para a frente e outros tantos para trás, tiver surpreendido alguns dos inevitáveis erros (…) seja indulgente e… inteligente. Isso lhe será levado em conta na remissão dos pecados, se é que no seu pomar existe dessa fruta…”

No fim de Dezembro, a “aquilino” deu entrada na Cartolito, onde encontrámos excelente cooperação, e hoje, dia 17 de Janeiro, aqui, neste seu mais que todos adequado e dourado berço, se dá a conhecer e se entrega em Vossas mãos, primeiríssimos e mais que merecedores destinatários da obra.
Não cumprem aqui referências Editoriais nem suas linhas mestras, que encontrarão explicitadas no seu conteúdo. Compete apenas dizer que esta publicação é anual, tem uma primeira tiragem de mil exemplares, será enviada para centenas de instituições culturais de Portugal e algumas do estrangeiro e brevemente disponibilizada na rede de 17 lojas da Fnac.

Assim, a recém-nascida se apresenta, aqui e agora, em seus traços genéricos.
Com tão influentes e bons padrinhos ademais os bons, fresquinhos e puros ares de Sernancelhe, tem todos os auspiciosos motivos para se fazer à vida, rija, sã e escorreita.
No modelar exemplo de seu patrono!
Minhas Senhoras e meus senhores, a Vós e ao Vosso superior espírito crítico, a estas andanças mais que todos habituados, cumpre dizer se atingimos o desiderato proposto…
Se colhermos aquiescência, tendo da Autarquia a suficiente abertura, carecemos somente da Vª porfia, e de futuras novas participações e sugestões, que serão sempre acolhidas com a mais veemente gratidão.

Uma palavra também a quantos vieram de fora.
A Vª presença é sobejo motivo para percebermos que Aquilino, universal e intemporal é um factor de coesão cada vez maior de todos quantos às letras são dados. E percebermos mais nitidamente, que esta dinâmica em torno da sua obra, primicialmente inaugurada há 96 anos, é procissão da Senhora da Lapa que ainda agora vai no adro, e muita festiva volta tem a dar.
A Vª presença significa, também, o prestígio que concedeis e reconheceis a Sernancelhe e à sua autarquia, diligente anfitriã sem créditos por mãos alheias, com olhar para lá da Nave e do Marão, e acolhedores braços abertos a quantos, como hoje, a honraram dizendo PRESENTE!

Quanto aos sernancelhenses que aqui se encontram, não curo em lhes agradecer, pois mal me ficaria.
Sei que não vieram por mera curiosidade, antes como anfitriões, com sua cortesia beiroa, bem acolher a sua nova publicação camarária, que traz de título orgulho de há muito sentido.

À dra. Isabel Moura que, a nosso pedido, logo anuiu em vir ler-vos um extracto de “O Livro do Menino Deus” e aos virtuosos acordionistas, professores Horácio e Ilídio da Academia de Música de Sernancelhe…
A Todos… o nosso tão sentido quanto modesto agradecimento.

Paulo Neto
Sernancelhe, 17 de Janeiro de 2009.

domingo, janeiro 18, 2009

Nota

Foi ontem apresentada a publicação:
aquilino - Revista Literária da Câmara Municipal de Sernancelhe.
Com periodicidade anual e primeira tiragem de 1.000 exemplares, é propriedade da Autarquia, tem como director este Vosso criado, apresenta-se em formato A4, com 170 páginas, será oportunamente distribuída pela Fnac e contou com colaboradores vários, entre os quais:
Engº Aquilino Ribeiro Machado, Professor Urbano Tavares Rodrigues, Professora Serafina Martins, da FLUL, Professor António Manuel Ferreira, da UA, Professor José Maria Rodrigues Filho da Universidade de Mogi das Cruzes, São Paulo, etc.
Enquanto não está disponível na Fnac, os interessados podem pedi-la directamente à autarquia, através do mail geral@cm-sernancelhe.pt (ao cuidado do dr. Paulo Pinto).
Infelizmente, ocupado como andei, não tive oportunidade de tirar fotografias. Mas houve quem as fizesse e prometeu mandar-me algumas, que aqui disponibilizarei. Presentes no Auditório Municipal mais de centena e meia de pessoas, houve preciosas intervenções, entre elas a do filho do Escritor, um excelente momento musical com um duo de acordionistas, virtuosos da Academia de Música de Sernancelhe e uma enternecedora leitura/declamação de um extracto de O Livro do Menino Deus (Bertrand, 10 de Dezº de 1945), pela minha estimada amiga dra. Isabel Moura. Rematou-se com uma merenda aquiliniana, apreceituadamente servida no Centro de Artes.
Foi um dia muito cheio.
Começo a preparar o nº II e estou aberto à recepção de artigos/ensaios. O meu mail é pzarco@gmail.com.
Obrigado.
post scriptum:
Na sua alocução, o Professor António Manuel Ferreira anunciou que o próximo Colóquio de Literatura da Universidade de Aveiro, subordinado ao tema Aquilino Ribeiro, será realizado em Junho, Sernancelhe, com a colaboração da Autarquia.

"aquilino"

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Programa

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quinta-feira, janeiro 15, 2009


terça-feira, janeiro 13, 2009


segunda-feira, janeiro 12, 2009


E depois que andei darredor da pena e vi que nom morava i ninguém, tornei-me a minha barqueta, ca esmei que mais toste haveria conselho no mar que em pena.


Graal, II

par terre

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esquisso para 2 bykes coloridas

para H.M.

domingo, janeiro 11, 2009

artrevoso frio


a la fim

1.
Geiam as noites e falta tempo aos dias.
Curtos, pardos, fuscos, frios.

2.
Mnemósine, filha da geada, é deusa fria.
Em sua f(r)onte cola-se a pele dos lábios.

3.
Em Janeiro não se nasce.
Nem nos avezemos a ver no Nilo lagos como mares.


~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Feliçes que o cabedal todo empregais
pela fé, pla esperança, e afeição,
por que, alfim, fim não dais. mas reçebeis,
como, pelo que estes derão, bem uereis.

D. Francisco da Costa, Cancioneiro.

Fun Xico

O Francisco é meu primeiro sobrinho-neto. Tem seis meses, e com o pai foi brincar para a neve ( o que atendendo ao ar sisudo, não o fez muito feliz! Pudera! Em Vila Real está um brrrrrrrrrrr!)
(foto da Ana-Mãe).

graal

Tanto me conjuraste, disse o cavaleiro, que to direi, mais nom o direi a ti soo, ante quero que adugas aqui o cavaleiro a que hás-de levar o escudo e direi-to ante êle, e dí-lhe da minha parte que, se quiser saber a verdade, que venha falar comigo, ca bem aqui me achará.
(Graal, I, p. 94, citado in Elucidário, tomo I, pp. 239/240, de Frei Joaquim de Santa Rosa de Viterbo ((do Convento da Fraga, Ferreira de Aves - Sátão » talvez de Satã, terra do Diabo)).



sexta-feira, janeiro 09, 2009

tombe la neige


quinta-feira, janeiro 08, 2009

Toi, qui t'es mis ainsi à pleurer,
lève les yeux envers les miens.
Tes larmes, par terre si tombées,
sauront guider mes pas soudain lents
sur la voie perdue de ta vallée.

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Jalousie (Alain Robe-Grillet ?)


terça-feira, janeiro 06, 2009

Arvo Pärt, Tallinn, Estónia, 1935.

Arvo Pärt compôs esta Passio Domini Nostri Jesu Christi secundum Joannem com base num novo método tintinnabuli, de fusão da melodia e do acompanhamento. É o próprio texto que determina a estrutura musical e até a duração dos silêncios entre as palavras. O compositor busca a exiguidade e a concentração de meios para transmitir, despojada e singularmente, a força e a profundidade da 'antiga' Paixão.
Da Naxos, com duração de 61:15.

domingo, janeiro 04, 2009

Dia 17 de Janeiro...
Dia 17 de Janeiro...
Dia 17 de Janeiro...
Dia 17 de Janeiro...
Dia 17 de Janeiro...
Dia 17 de Janeiro...
Dia 17 de Janeiro...
Dia 17 de Janeiro...
Dia 17 de Janeiro...
?????????

Francis Ponge (in mente)

L' inachevement perpétuel



sexta-feira, janeiro 02, 2009

Picante... mas com aviso!

Carregal, Sernanncelhe.

quinta-feira, janeiro 01, 2009

Bom dia!

Rompia-me a noite as unhas, segredou o linho à mão:
--" Assim se desperte ao toque!"
(silvana folha à polpa lida)